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Brasil acende o sinal de alerta

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Por Wagner Vilaron e Wilson Baldini Jr
Atualização:

Fim de temporada e o sinal de alerta acendeu no futebol brasileiro. Após o fiasco da seleção de Dunga na Copa do Mundo da África do Sul, quando caiu nas quartas de final diante da Holanda, o "País do Futebol" não justificou tal fama. O craque do Campeonato Brasileiro foi um gringo, os jogadores brasileiros desapareceram da lista de indicados a melhor do mundo da Fifa e, para completar o período de vacas magras, o Internacional foi despachado do Mundial de Clubes pelo "Todo Poderoso" Mazembe, do Congo. A façanha fez o Colorado entrar para a história como o primeiro clube sul-americano a não chegar à final da competição.Essa série de tropeços suscitou uma questão curiosa: estaria o futebol brasileiro em decadência ou o problema é circunstancial, passageiro? Último campeão brasileiro, o técnico do Fluminense, Muricy Ramalho, não se considera um pessimista. No entanto, é curto e grosso quando ao assunto é a formação de jogadores nos clubes brasileiros. "Esse pessoal que cuida das divisões de base está mais preocupado com a conquista de títulos do que com a formação de jogadores. Por isso é um tal de fazer zagueiro e volante", observou. "Não é por acaso que temos tanta dificuldade atualmente em arrumar meias. O jeito é importá-los, como é o caso do Conca."Invasão hermana. Dario Conca protagonizou uma situação peculiar nesta temporada. Eleito o melhor jogador do Brasileiro, o argentino se viu perseguido por outros dois compatriotas na briga pelo troféu: Montillo, do Cruzeiro, e D"Alessandro, do Inter.A supremacia argentina, porém, não se resume à invasão hermana em nossos gramados. Em 2010, pela primeira vez na história o número de atletas argentinos negociados com o exterior superou o de brasileiros. De acordo com a Euroamericas Sports Marketing, empresa especializada em análise do mercado de futebol, 1.716 argentinos deixaram o país, contra 1.443 brasileiros. Se considerarmos que a população argentina representa cerca de um quinto da brasileira, esse número se torna ainda mais expressivo. Como se não bastasse, o melhor jogador do mundo é Lionel Messi, favorito para o "bicampeonato". Em janeiro ele concorre contra seus companheiros de Barcelona, os espanhóis Xavi e Iniesta.Pessimismo local. A percepção negativa desse momento, segundo o agente Wagner Ribeiro, está mais acentuada no mercado interno. "Me parece que o impacto maior é aqui dentro (do País), pois temos uma referência muito alta do que é sucesso no futebol", afirmou. "É claro que se o Brasil tivesse vencido a Copa e o Inter ganhasse o Mundial o Brasil estaria bombando. Mas não sinto que o mercado lá fora considere o futebol brasileiro decadente. É apenas uma fase sem tantas glórias."O empresário lembrou recente encontro que manteve com o colega israelense, Pini Zahavi, um dos agentes mais influentes da atualidade. "Em nosso jantar, conversamos sobre o potencial de revelação do futebol brasileiro, que se mantém mesmo quando os resultados não aparecem. Falamos, claro, do Neymar, mas muito também do Lucas, que está no São Paulo", afirmou.O presidente do Santos, Luis Alvaro Ribeiro, lembra que a impressão mais recente é sempre a mais marcante. "Vale lembrar que cinco meses atrás o mercado estava encantado com o Santos. Isso é cíclico", observou.

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