Brasil em busca da memória olímpica

Projeto incentiva a criação e produção de documentários com atletas brasileiros que foram aos Jogos

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Por Amanda Romanelli
Atualização:

SÃO PAULO - O País do futebol vai receber uma Olimpíada em quatro anos, mas pouco se sabe sobre os atletas que, desde 1920, representaram o Brasil na maior competição multi esportiva no mundo. Para começar a preencher essa lacuna, um incentivo inédito estimula a produção audiovisual sobre os brasileiros que lá estiveram, tendo eles conquistado medalhas ou não. Como resultado, nove documentários e um longa-metragem contam histórias sobre Olimpíadas e olímpicos.O projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro foi lançado em 2011, em uma parceria entre o Instituto de Políticas Relacionais (IPR), Petrobrás, ESPN Brasil, Cinemateca Brasileira e a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. A proposta é clara: promover resgate histórico. "Deixamos o futebol de fora de propósito, porque já há muita coisa produzida", diz Daniela Greeb, presidente do IPR, entidade que idealizou o concurso, junto com o jornalista José Trajano. Na primeira seleção realizada, disponível em qualquer produtora de vídeo nacional, 99 projetos foram inscritos - um novo concurso será aberto este ano e cada projeto recebe o incentivo de R$ 230 mil. A realização do programa está garantida até 2016, ano em que o Rio sediará os Jogos Olímpicos. "Queremos formar um acervo de 60 a 70 filmes, a serem exibidos em uma mostra itinerante."Na edição inaugural, nove projetos foram escolhidos e viraram documentários de 26 minutos. São histórias como as de José Telles da Conceição, Aída dos Santos, Servílio de Oliveira e Reinaldo Conrad, precursores do olimpismo nacional. O atletismo, esporte matriz da Olimpíada, aparece em três produções. Mas há espaço para a vela, o boxe, o tiro esportivo, o vôlei e o tênis de mesa.No Brasil também dito como "sem memória", Aída dos Santos revela surpresa ao ver sua história retratada em documentário. "Vivemos no país do futebol, né? Então estou contentíssima." Sua saga rumo aos Jogos de Tóquio, em 1964, quando viajou sem técnico e não tinha nem material esportivo, foi contada na obra de André Pupo. Superando todas as dificuldades, ela ficou em 4.º lugar no salto em altura. ESPÍRITO AMADOR Aos 75 anos, Aída continua na ativa. Hoje, estará em São Lourenço (MG), disputando o Campeonato Brasileiro de Vôlei Master. E lembra da época em que competia. "Eu fazia verdadeiramente o esporte amador, porque nunca ganhei nada." Uma realidade muito diferente da trajetória da filha Valeskinha, ponteira campeã olímpica em Pequim/2008.A parceria com a ESPN também resultou em um longa-metragem. "México 1968 - a última Olimpíada livre" conta, em 52 minutos, a história da primeira edição latino-americana dos Jogos Olímpicos. O filme é dirigido por Ugo Giorgetti, colunista do Estado, para quem a temática esportiva é bastante familiar. Giorgetti já realizou um documentário sobre o boxeador Eder Jofre, além dos belos ficcionais "Boleiros" e "Boleiros 2". Por ora, as produções ficarão disponíveis na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, e serão reunidas em uma mostra no mês de julho. Os idealizadores negociam com três canais abertos de televisão, mas já é garantida a exibição nos canais ESPN.

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