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Brasil, marcas de superação

Talento e organização explicam desempenho do País em Pequim

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Por Redação
Atualização:

O Brasil vive um estranho contraste: engatinha quando o assunto é defesa dos direitos e inserção do deficiente físico na sociedade, mas é potência esportiva paraolímpica. Nos Jogos de Pequim, o País terminou na nona posição, a melhor da história, à frente de países como a França, a Espanha e a Alemanha. A união de fatores como o talento, o aumento dos investimentos e do número de competições nacionais, além da priorização de modalidades individuais, ajuda a explicar esse fenômeno. Segundo o gerente de marketing do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Marcos Malafaia, o Brasil sempre teve bons resultados em competições paraolímpicas, mas o grande salto veio a partir da aprovação da Lei Piva, em 2001, que permitiu à entidade contar, enfim, com um orçamento. Com parte do dinheiro arrecadado, foi possível ousar. "Compramos os direitos de transmissão dos Jogos de 2004 e distribuímos gratuitamente para as emissoras brasileiras. Com visibilidade, seria mais fácil obter patrocínios." Funcionou. Naquele ano, no qual a entidade passou a contar com o apoio da Caixa Econômica Federal (CEF), o Brasil fez sua melhor campanha até então e, com isso, o banco passou a organizar um circuito nacional de atletismo e natação. Paralelamente, 73 paraolímpicos começaram a receber o bolsa-atleta. "De Atenas para cá o investimento da Caixa aumentou seis vezes", conta Malafaia. "E com um calendário nacional regular, ficou mais fácil se preparar para a Paraolimpíada", ressalta o nadador Daniel Dias, que voltou de Pequim com oito medalhas , quatro de ouro. Segundo o diretor de marketing da CEF, André Lopes, foram investidos R$ 6,390 milhões só este ano. Ele confirma que os bons resultados estimularam a instituição. "Além dos atletas também passamos a investir, por exemplo, nos guias (dos deficientes visuais)." Os resultados logo apareceram. "De Sydney para cá triplicou o número de atletas com índice (em Pequim foram 188)", conta Malafaia. Na China, o Brasil subiu do 14º para o 9º lugar na classificação geral, com 16 medalhas de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. E com surpresas, como o primeiro lugar da dupla Dirceu Pinto e Eliseu Santos na bocha. Outra modalidade sem tradição é o hipismo, no qual o Brasil ganhou dois bronzes. "Nós investimos em atletas que têm grande potencial em suas classes", observa o presidente do CPB, Vital Severino Neto, na hora de explicar o sucesso do Brasil. Porém, o País também conta com talento natural dos brasileiros para esportes como a natação e o atletismo, modalidades nas quais um país precisa se destacar se quiser ser potência esportiva. "E como esses dois esportes são geridos diretamente pela CPB, ficou mais fácil administrar", acrescenta Malafaia. Mas ainda há o que progredir. "Um problema é o amadorismo na administração de algumas confederações, o que leva as entidades a terem as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União e os repasses de verba suspensos", observa Malafaia. Os atletas que voltaram de Pequim com medalhas - como Daniel Dias - reivindicam a construção de um centro de treinamento especial enquanto o País não disponibiliza espaços adaptados aos deficientes.

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