Brasil x Holanda: como em 1998, duelo impróprio para corações sensíveis

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Por Análise: Luiz Zanin
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Um gol originário de bola parada e dois de contra-ataque. Assim o Brasil liquidou o Chile. Certo. Um placar e a descrição dos gols dizem muita coisa. Não dizem tudo. É preciso ver qualitativamente. Quem viu o jogo assistiu ao Brasil fazer a sua melhor partida desde que começou a Copa da África. Foi genial? Não. Mas é claro que o time apresentou uma consistência muito maior do que nos três jogos anteriores, muito fracos, em especial aquele contra Portugal. Claro, pode-se dizer que neste prevaleceu o pragmatismo, pois o importante era garantir o primeiro lugar para não cair do lado da chave onde se concentram os cachorros grandes. Despachamos Portugal para lá e a primeira missão deles será hoje contra a Espanha. Nada de se invejar. De qualquer forma, contra o Chile, o Brasil, repito, sem ser genial, apresentou futebol mais leve, solto no meio de campo e com alguns momentos que lembraram o nosso melhor jogo, em particular nos dois últimos gols. Melhor que isso, mostrou firmeza no setor defensivo, dando muito poucas chances ao ofensivo Chile do técnico "El Loco" Bielsa. Lúcio, mais uma vez, foi um gigante. Gostei, acho que todos gostamos. A pergunta que se impõe ? porque a nossa profissão obriga a lucidez ? é se o futebol mostrado tem condição de superar o da Holanda, que vem aí liquidando os adversários, um a um, com seu jogo preciso, frio, cirúrgico. Entendo que dá, sim, mas será muito sofrido, com muita dificuldade. Prevejo algo do tipo daquele Brasil x Holanda de 1998, no Vélodrome de Marselha, uma semifinal imprópria para corações sensíveis. A Copa chegou àquele ponto em que os mais frágeis já foram embora. Daqui para a frente, tudo será sofrimento e júbilo. A distância entre a euforia e a depressão estará sempre por um fio. É JORNALISTA DO "ESTADO"

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