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Brasileiras levam bronca em vitória sofrida no futebol

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

O "salto alto" das jogadoras quase provocou um tropeço à seleção de futebol feminino do Brasil. Numa tarde de segunda-feira em que Marta esteve abaixo do que vinha apresentando neste Pan-Americano, a equipe precisou de dois gols de bola parada no segundo tempo para derrotar o México por 2 x 0 e se garantir na final da competição. Na outra semifinal do Pan, os Estados Unidos venceram o Canadá por 2 x 1 e serão o adversário do Brasil. Se dentro de campo a situação foi contornada com a classificação, fora dele o técnico Jorge Barcellos demonstrou-se insatisfeito com a postura de algumas jogadoras, entre elas estariam Marta, Daniela Alves e Rosana, autora dos gols da vitória brasileira. O desfile que a equipe apresentava até então na competição saiu um pouco do rumo. "Não era hora de salto alto, não viemos aqui pra dar espetáculo, e sim conseguir os três pontos e chegar na final. Não interessa se vai ganhar de 1 x 0, não quero que tenha salto alto, já temos vários exemplos que deram errado", afirmou Barcellos a jornalistas em entrevista após a partida. Vindas de quatro goleadas nos jogos anteriores, incluindo os 7 x 0 sobre o Canadá nas quartas-de-final, a seleção brasileira tentou algumas jogadas de efeito durante a partida e deixou o técnico bastante irritado. A falta de objetividade causou um domínio ineficiente da equipe, que tinha a posse de bola mas não chegava a ameaçar com perigo. A situação levou o treinador a reclamar com as jogadoras no vestiário durante o intervalo, e a insatisfação ainda repercutiu na entrevista de Barcellos depois do jogo, quando ele reclamou abertamente da postura das jogadoras. O treinador recusou-se a especificar quais jogadoras teriam entrado de "salto alto", mas pelos lances citados por ele como exemplos indicou que Marta, Rosana e Daniela Alves estariam entre elas. "Quando você entra em campo com uma proposta de dar espetáculo é uma coisa, é diferente de entrar para vencer e fazer alguns lances. Algumas jogadas eu não concordo, você não pode deixar de cruzar e dar uma chilena (drible passando a bola por cima da rival) se tem três jogadoras na área esperando. Outra coisa que não pode é chegar na linha de fundo e dar um corte pra ver a torcida gritar", afirmou Barcellos. Rosana, que deu um lençol de lambreta em outra partida do Pan, discordou publicamente do treinador. O nervosismo, e não os dribles, foi considerado por ela como motivo pela falta de gols na primeira etapa da partida. A lateral-esquerda acabou garantindo a vitória brasileira com dois gols no segundo tempo, o primeiro numa cobrança de falta no ângulo e o segundo de cabeça, após cobrança de escanteio de Marta. "Não vejo como salto alto, talvez uma ansiedade maior do que poderia acontecer por se tratar de um jogo de semifinal, é mais complicado porque você não pode ter erro. Mas salto alto não, porque nós sabemos o quanto é importante vencer", disse Rosana, diante do treinador que poucos minutos antes havia reclamado da postura da equipe no primeiro tempo. MARTA SAI COM GELO A meia-atacante Marta, que pela primeira vez passou em branco desde que estreou no Pan do Rio, deixou o estádio com o semblante abatido e uma bolsa de gelo na canela esquerda. Segundo ela, não seria nenhuma lesão grave, apenas uma pancada sofrida durante a partida. Barcellos garantiu que a jogadora estará bem para a decisão de quinta-feira e previu que Marta voltará a jogar bem no Maracanã, como fez com cinco gols marcados contra as canadenses. "A Marta é um ser-humano como outro qualquer, ela pode atuar uma partida bem e outra não. Até porque taticamente ela fez o que eu queria. Tenho certeza que a Marta vai arrebentar nessa final, mas ninguém mantém uma regularidade sempre. Na final, com certeza ela vai brilhar, como sempre brilha."

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