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Camarotes: mordomia e uma bela renda

Torcedor vip tem vida mansa no Morumbi e clube fatura alto com o espaço

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Por Daniel Akstein Batista
Atualização:

O churrasquinho nos arredores do estádio é trocado por lanches mais elaborados. O caldo de cana a R$ 1 vendido nas ruas é, muitas vezes, substituído por uísque importado. Sem contar o conforto de uma sala com ar-condicionado, tevês de plasma, garçons servindo o tempo todo. Tudo isso espalhado nos mais de 35 camarotes do Morumbi. Regalias à disposição de poucos torcedores. Músicos, artistas, empresários, esportistas. O São Paulo descobriu uma nova fonte de renda em 2003, quando o então presidente Marcelo Portugal Gouvêa criou a diretoria de planejamento. E os três camarotes que eram alugados passaram para 35 hoje - sem contar os quatro pertencentes ao clube. "O Morumbi é uma unidade de negócio altamente rentável", diz João Paulo de Jesus Lopes, assessor da presidência. "Rende cerca de R$ 5 milhões por ano." É preciso colocar a mão no bolso para alugar um dos camarotes do estádio. O de 25 lugares, por exemplo, não sai por menos de R$ 250 mil anuais - é preciso fechar contrato mínimo de 12 meses. O maior possui 116 lugares e está alugado a uma empresa de comunicação. Todo o dinheiro ganho com os camarotes é investido no próprio Morumbi. "Reaplicamos (o dinheiro) em melhorias no estádio", explica Jesus Lopes. "Temos projeto de modernização para a Copa de 2014." De acordo com resultados preliminares do balanço financeiro do clube, o Morumbi gerou receita de R$ 14.202,914,00 em 2007 (R$ 4.779.764,00 apenas com os camarotes), com R$ 7.898.277,00 de despesas. O superávit, então, no ano passado, foi de R$ 6.304.637,00. "Nosso lucro seria bem pequeno se não fosse o aluguel dos camarotes", admite Jesus Lopes. MORDOMIAS Quase 30 mil torcedores foram ao jogo da semana passada, contra o Audax, pela Libertadores. Mais de 500 deles estavam nos camarotes. Hoje, o número deve ser menor - mas dificilmente se vê esses privativos espaços vazios. E como é fácil torcer deste jeito! Numa confortável poltrona, visão privilegiada e garçons servindo cerveja, refrigerante, sucos, salgadinhos... E alguns camarotes ainda contam com salas de descanso, com sofás. "De maneira geral, sempre venho quando ganho convite", fala Roger, vocalista da banda Ultraje a Rigor. "E aqui tem a comodidade, a facilidade do replay", conta, apontando para umas das várias tevês de plasma espalhadas em um dos maiores camarotes do estádio. Os proprietários dos camarotes distribuem ingressos para seus clientes e amigos. E lá é normal ocorrer uma conversa de trabalho, com negócios sendo fechados - até na hora de um gol. Com um copo de chope na mão. Ou suco, cerveja, refrigerante... É só escolher!

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