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Campeão filipino é o novo fenômeno do boxe

Campeão em oito categorias, filipino reúne qualidades de grandes pugilistas do passado

Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

A aula de boxe ministrada por Manny Pacquiao contra o mexicano Antonio Margarito no combate de 12 roundes, dia 13, em Arlington, Texas, fez os analistas da nobre arte procurarem um lugar para colocar o filipino entre os melhores pugilistas de todos os tempos. O certo é que Pacman, com 52 vitórias (38 nocautes), três empates e duas derrotas em 15 anos de carreira, já pode posar ao lado de lendas como Sugar Ray Robinson, Archie Moore, Muhammad Ali, Roberto Duran e Joe Louis.Com quase meio século de trabalhos nos bastidores do pugilismo, o empresário Bob Arum não tem dúvidas em afirmar que o canhoto Pacman, campeão em oito categorias, é o melhor boxeador que já existiu. O que impressiona na opinião de Arum, que organizou as carreiras de mitos como Muhammad Ali, Sugar Ray Leonard, Marvin Hagler e Roberto Duran, é o fato de o lutador das Filipinas ser um perfeito ambidestro. "Manny é o melhor que vi em ação, incluindo Ali", disse Arum, que agora tem Pacquiao como "pedra preciosa". "Ali era um grande lutador e tinha muitas qualidades, mas Manny, proporcionalmente, é muito mais rápido, além de ser pegador com ambos os punhos, ao contrário de Ali, que pegava forte apenas com a direita." Diante de Margarito, Pacquiao disparou 1.069 golpes, contra 817 do rival. "Fui ver até vídeos de Sugar Ray Robinson e notei que nem ele conseguia fazer com os punhos o que Manny fez", completou Arum, de 78 anos, referindo-se ao pugilista que aparece sempre em primeiro lugar nas pesquisas.Em uma análise feita por vários críticos presentes ao Cowboys Stadium, após a conquista do oitavo cinturão em categorias diferentes de Pacquiao na semana passada, o filipino apresentou diante de Margarito uma união de características presentes em outros grandes campeões do passado. Qualidades que o ajudaram a massacrar o adversário, operado por causa de uma fratura em um osso do rosto três dias depois da luta. Segundo os analistas, Pacman teria a inteligência de Muhammad Ali para atacar. Ou seja, bate no momento certo e possui grande aproveitamento, em torno dos 60%.A sua grande resistência ao castigo lembra a do mexicano Julio Cesar Chavez. Como todo boxeador, Pacquiao recebe golpes. Muitos são duros, justos, mas poucas são as vezes em que o asiático mostrou ter sentido o ataque rival. Quando é atingido, bate uma luva na outra para mostrar ao adversário que está pronto para a troca de golpes. Depois do confronto com Margarito, o filipino passou dois dias deitado por causa das dores no peito e nas costelas.A "pegada" é semelhante ao do panamenho Roberto "Mano de Piedra" Duran, que manteve a força nos golpes, apesar de ter subido de categoria, assim como faz Pacquiao. E o atual campeão tem uma vantagem: tem a postura de canhoto, o que complica para a maioria dos rivais. "Inconscientemente, seus adversários esperam uma esquerda forte, mas a direita também é terrível", afirmou Bert Sugar, um dos maiores especialistas de boxe. A velocidade nos punhos e nas pernas é comparada à do lendário Sugar Ray Leonard. Graças a essa qualidade, Pacquiao, mesmo baixinho (1,69 metro), obteve total êxito diante do gradalhão Margarito (1,80 metro). Nem mesmo os 15 centímetros a mais de envergadura do mexicano foram obstáculos para o ataque do filipino. Por várias vezes, foi possível ver Pacman acertar Margarito e sair do raio de ação do mexicano.Na escolha da melhor estratégia de luta, Pacquiao usa como exemplo Oscar De La Hoya, que sempre estudou bastante seus oponentes. O atual campeão dos médios-ligeiros do Conselho Mundial de Boxe demonstra humildade ao querer saber como se comportam seus adversários em cima do ringue. Vídeos das últimas lutas são parte integrante de seu planejamento de seus treinamentos, sendo vistos sempre após o jantar nas três semanas finais de preparação.Por incrível que possa parecer, o ponto fraco do filipino foi apontado por seu treinador, Freddie Roach. "Acho que não seria necessário ele (Pacquiao) se expor tanto nos combates. Algumas trocas de golpes poderiam ser evitadas. Já cansei de falar para ele, mas é característica dele. Ele não consegue interromper uma disputa. Quanto mais batem nele, mas ele vai para cima", afirmou Roach. "Por isso, temos uma preocupação especial com sua forma física, que precisa estar impecável sempre."Nem mesmo a vitória nas eleições em maio, quando Pacquiao garantiu um lugar no Senado de seu país, fez o pugilista diminuir o ritmo de treinos. Roach, que antes da luta com Margarito chegou a dizer que a preparação estava sendo mal feita, revelou a verdade. "Manny pode alterar o horário do treino, mas nunca deixa de treinar."

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