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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Capítulo final

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Por Antero Greco
Atualização:

O clima no novo Palestra, no meio da tarde deste domingo, será semelhante àquele de capítulo final de novela empolgante. Lembra como o Brasil parou para, enfim, conhecer quem tinha matado Salomão Hayala ("O Astro")? Ou quem fora o desalmado que dera cabo de Odette Roitman ("Vale Tudo")? Dois folhetins antigos, porém memoráveis, com audiência garantida e prognósticos disparatados a respeito do desfecho.O mesmo ocorrerá a partir do momento em que Palmeiras e Atlético-PR pisarem o gramado do estádio encravado entre os bairros de Água Branca e Pompeia. A plateia, ansiosa, ficará à espera do desenlace da errática trajetória verde na Série A de 2014. Deu tanta coisa errada na realidade do ano do centenário que parece ficção saída de mentes brilhantes e criativas como as de Janete Clair, Aguinaldo Silva, Manuel Carlos e craques do gênero. Muito drama para pouco elenco.A tarefa de Dorival Júnior e rapazes ao menos no papel não é daquelas intransponíveis. Basta ganharem do Furacão que, com 42 pontos, garantem permanência do time na elite. Só 42 pontos! Numa demonstração de como andou fraca a parte de baixo da tabela. Em temporadas anteriores, a nota de corte girou em torno de 45 pontos. Ou seja, faz cinco rodadas que basta uma vitória para o Palmeiras se garantir. E mesmo assim conseguiu perder todas.A série de humilhações pela qual o Palmeiras passou pode ser relevada desde que Valdivia (a incógnita recorrente) e colegas deem conta do recado. Como torcedor não se move pelo raciocínio, mas por paixão, não duvido que festeje eventual salvação como se tivesse visto a equipe conquistar um título. Se bobear, haverá os que gritarão "Guerreiros, time de guerreiros!". Pensa que não? Espere para ver. E não acho errado, não, porque a função do torcedor é distorcer, sempre. A questão é: dá pra confiar nesse Palmeiras? Sinceramente: não. Risco tremendo considerar que se trata de barbada. Mesmo com a intenção do Atlético de entrar com um punhado de frangotes, ou com as teorias de que vai facilitar a vida do rival paulista, ou de que foi alinhavado conchavo de bastidores. Acredito em tudo e em nada, no futebol. Mas, à falta de provas, prefiro apostar na dignidade dos profissionais do Atlético-PR. Devem doar-se, por respeito a si próprios e aos fãs.O Palmeiras é imprevisível, instável - gostaria o clima em São Paulo voltasse a ser assim - e limitado. Principalmente limitado. A direção gastou os tubos para trazer dúzias de jogadores, e da mistura não saiu um conjunto forte e vencedor. Ao contrário, surgiu um Frankenstein que assustou a massa. E pode aprontar a última na casa nova.A situação é tão escalafobética que o Palmeiras pode até perder pela 21.ª vez e não sucumbir. Para tanto, basta que os baianos Vitória e Bahia não ganhem, respectivamente, de Santos e Coritiba. É maluco, eu sei. Mas viável.Gênio sai de cena. A propósito de Coxa, hoje Alex faz a despedida oficial, pendura as chuteiras e deixa na saudade milhões de admiradores. Vi muito sujeito bom de bola, na longa jornada como torcedor e jornalista. Posso afirmar sem risco de erro ou de exagero que está dentre os melhores, mais longevos e com incrível regularidade. Craque generoso, fez crescer os que jogaram ao lado dele. E, além de tudo, homem de caráter. Não é por acaso que virou ídolo no Coritiba, no Palmeiras, no Cruzeiro e no Fenerbahçe. Não foi campeão do mundo porque Felipão fez outras escolhas em 2002. Mas isso é pro forma, pois quem ama futebol o considera campeão. E ponto final.Desembarque. Mano Menezes fecha outro ciclo no Corinthians. Ao contrário do anterior, quando saltou para a seleção, desta vez resta um travo amargo. Certo que entrega o cargo com vaga na Libertadores, porém não empolgou, assim como a equipe. O ritmo e o ímpeto foram mornos, como as entrevistas do técnico, que precisa de uma sacudida boa e se livrar de mídia training.

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