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Carl Lewis e escândalo do doping

Por Agencia Estado
Atualização:

Carl Lewis, o atleta olímpico do século, dono de nove medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, é apenas um entre mais de cem esportistas americanos, entre os quais vários medalhistas olímpicos, envolvidos em um escândalo de doping que deve sacudir o esporte no país. Documentos divulgados por Wade Exum, diretor de Controle Antidoping do Comitê Olímpico dos EUA (Usoc) entre 1991 e 2000, reforçam antigas suspeitas de que o Comitê costuma encobrir casos de doping. Lewis, por exemplo, teria tido três antidoping positivos durante as eliminatórias americanas para a Olimpíada de Seul, em 1988. Em sua urina foram encontradas pequenas quantidades de um estimulante encontrado em antigripais. Segundo os documentos de Exum, o atleta foi desqualificado pelo Usoc, que depois voltou atrás e aceitou a alegação de ?uso inadvertido?. O atleta foi a Seul e, além do ouro no salto em distância, ainda ?herdou? o primeiro lugar nos 100 metros rasos, quando o canadense Ben Johnson, que havia marcado o assombroso tempo de 9s79, foi desclassificado. O antidoping de Johnson acusou o uso de esteróides anabolizantes. O inglês Linford Christie, promovido de terceiro a segundo colocado nos 100 m, recebeu o que o Comitê Olímpico Internacional (COI) chama de ?benefício da dúvida?, depois que pseudoefedrina, um estimulante, foi encontrada em sua urina. Assim, o primeiro pódio dos 100m em Seul foi formado por atletas não aprovados no antidoping. Christie atribuiu a presença do estimulante a suplementos de ginseng. Durante as eliminatórias para Seul, o Usoc também fechou os olhos para o antidoping positivo de Joe DeLoach e Andre Phillips. Companheiro de treino de Lewis, DeLoach, que ficou com o ouro nos 200m, foi pego pelo uso da mesma substância, Phillips venceu os 400 m com barreiras. Dick Pound, presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), diz que os documentos só vêm confirmar o que muitas pessoas ligadas ao esporte já suspeitavam. ?Quanto mais soubermos, melhor. Quanto mais o mundo souber o que o Usoc estava fazendo, maior é a probabilidade de corrigirem o problema.? Pound citou algumas cartas em que o então diretor-executivo do Usoc, Baaron Pittenger, avisava Lewis, DeLoach e Phillips de que haviam tido antidoping positivo, mas estavam liberados para competir em Seul. ?Acho bem embaraçoso para o Usoc ter a letra de seu secretário-geral em uma carta assim. É como se falasse ?eu tinha de contar isso a você, mas não se preocupe, já resolvemos que foi uso inadvertido?. Todo o processo virou uma piada.? Arne Ljungqvist, presidente da Comissão Médica do COI e da Associação Internacional de Federações de Atletismo (Iaaf) disse que o conteúdo dos documentos se encaixa no padrão de casos de doping que deixam de ser informados à entidade. ?A Federação de Atletismo dos EUA deveria ter relatado o ocorrido à Iaaf. Cansamos de pedir que façam isso, mas sabemos que eles não cumprem as regras.? Já o Usoc qualificou as acusações de Exum de ?descabidas?. Em outubro de 2000, o Comitê dos EUA transferiu a responsabilidade dos exames antidoping para uma nova organização, a Agência Americana Antidoping. ?Acho irônico que o doutor Exum, que era quem conduzia o programa antidoping até 2000, o ache agora tão cheio de falhas?, disse o vice-presidente do Usoc, Frank Marshall. ?Quando a nova agência foi criada, há três anos, ele ficou sem emprego. Hoje, o nosso programa antidrogas é considerado um dos melhores do mundo.?

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