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CBAt quer reduzir estrangeiros em corridas de rua

Medida seria uma tentativa de diminuir as constantes vitórias dos queniânos, principais adversários

Por Amanda Romanelli
Atualização:

A invasão queniana nas corridas de rua de todo o Brasil pode estar com os dias contados. Atendendo a reclamações de atletas, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) deve aprovar, na primeira Assembléia Geral de 2009, marcada para 24 de janeiro, restrições para a participação de estrangeiros nas provas do País. A questão refere-se, basicamente, aos corredores do Quênia. O país africano revela muitos talentos que não encontram, no próprio país, a possibilidade de altos ganhos financeiros, e vão competir no exterior. "Os corredores brasileiros reclamam que não têm conseguido ganhar os prêmios e muitos contam somente com esses recursos para manterem seus treinos", afirma Martinho Nobre dos Santos, secretário-geral da CBAt. "A presença dos quenianos ainda não tem causado impacto ao atletismo brasileiro. Grande parte dos que competem aqui não tem resultados técnicos fantásticos. Mas eles tiram prêmios dos brasileiros e isto pode ser um desestímulo aos nossos corredores". Para Henrique Viana, técnico do campeão pan-americano Franck Caldeira, é questão de tempo para que esse impacto seja sentido. "Onde estão os corredores da Itália, de Portugal, do México?", questiona. "Esses países não formam mais bons atletas porque lá ocorreu, já há algum tempo, o que ocorre agora no Brasil. Só quenianos ganham as provas. Os prêmios estão caindo, porque patrocinadores e torcedores estão perdendo o interesse". De acordo com a CBAt, países europeus já restringem a participação estrangeira, bem como EUA e África do Sul. Tanto a CBAt quanto técnicos e atletas brasileiros querem afastar a hipótese de um discurso xenófobo. A presença de corredores estrangeiros de bom nível técnico é importante, afirmam. Basta lembrar as emocionantes participações do ex-recordista mundial da maratona Paul Tergat nas corridas de São Silvestre. Mas, para a entidade, o comportamento de alguns técnicos e agentes causou o conflito de interesses. "É importante ressaltar que muitos quenianos vêm ao Brasil para permanecer um período, treinando com técnicos brasileiros, que acabam ganhando parte nos prêmios", diz Martinho Nobre dos Santos. "Este tipo de comportamento está desvirtuando a participação eventual ou a convite de organizadores de corridas, o que é normal", comenta o dirigente. A CBAt informa que só aceita atletas registrados na Federação de origem e mantém uma lista de corredores estrangeiros habilitados a competir no País. Hoje, são 45, sendo 41 deles quenianos. Mas não diz se investiga a situação legal de cada um deles. "Quando começarem a exigir seriedade, saber qual o modo de viver desses atletas e como os técnicos trabalham, haverá uma diminuição de quenianos no Brasil", garante o treinador Moacir Marconi, precursor no intercâmbio entre técnicos brasileiros e corredores quenianos.

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