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CBG diz que Jade só competiu porque não reclamou de dor

Confederação afirma que em nenhum momento a ginasta deixou de saber da lesão que tem no punho direito

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Por Evandro Fadel - Agência Estado
Atualização:

A direção da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) garantiu nesta sexta-feira em Curitiba que em nenhum momento foi escondido da ginasta Jade Barbosa, de 17 anos, a lesão que ela tem no punho direito, diagnosticado pelo departamento médico da entidade, em janeiro, como osteonecrose (necrose causada pela falta de irrigação sanguínea adequada) no capitato (osso central do punho). Veja também:  Pai de Jade não rebate CBG e reafirma que vai à Justiça  Flamengo 'blinda' Jade e a proíbe de dar entrevistas Segundo a CBG, ela ficou fora de uma competição por causa do problema e somente participou das outras por não ter reclamado de dores. Numa entrevista coletiva com cerca de três horas de duração, a supervisora da CBG, Eliane Martins, disse que a primeira reclamação da atleta sobre o problema foi feita em dezembro do ano passado, em uma competição em Foz do Iguaçu. Lá mesmo as atletas foram liberadas para as férias. No retorno, em 7 de janeiro, ela voltou a sentir as dores. Os exames feitos em 15 e 17 de janeiro confirmaram a osteonecrose. Segundo o diretor do Departamento Médico da CBG, Mário Namba, esse problema é raro na medicina. "Não há consenso sobre o que é melhor fazer, se um tratamento conservador ou cirúrgico", acentuou. Ele optou pela primeira alternativa, com fisioterapia, utilização de analgésicos e antiinflamatórios, aplicação de gelo, acompanhamento clínico e dois meses de moderação na parte física. Tanto que nesse período foi cancelada a participação de Jade na American Cup, em Nova York. As cargas de trabalho foram aumentadas progressivamente. "Em nenhum momento ela se queixou e foi liberada para as competições", afirmou Namba. A primeira foi em Cottbus, na Alemanha, entre 9 e 13 de abril, quando foi segundo lugar em salto e solo. "No retorno das competições não apresentou queixas", destacou o médico. Com exceção de uma em Roma, no dia 5 de julho, último ato antes das olimpíadas em Pequim. "Fui vê-la em sua residência à noite e senti um pequeno aumento de volume e uma diminuição de movimento", disse Namba. Ele receitou repouso da articulação e medicamento. Logo depois, a equipe viajou para o Japão para a preparação olímpica e ela não reclamou mais. Em Pequim, o médico também ressaltou não ter recebido qualquer menção por parte de Jade de que houvesse um mínimo sinal de dor. Ela acabou indo para duas finais e conquistou um 7.º lugar no salto e um 10.º lugar no individual geral. Namba disse que, desde o início, o procedimento foi o padrão da CBG, em que o técnico e o atleta são comunicados em uma reunião conjunta sobre o problema diagnosticado. "Em momento algum foi escondida essa lesão", destacou a supervisora da CBG, Eliane Martins. ACUSAÇÕES A presidente da Confederação, Vicélia Florenzano, ressaltou que a polêmica levantada pelo pai da atleta, o arquiteto César Barbosa, que chegou a cogitar de processo contra a entidade, "jamais a prejudicará em convocações futuras". "Mas vamos precisar de um atestado médico de que está apta", ponderou. "É uma que poderá ir à final da Copa do Mundo, só depende de estar saudável." Segundo ela, as acusações feitas contra a CBG foram repassadas ao escritório jurídico que dá suporte à entidade. "Não podemos permitir que se denigra a Confederação ou que se desqualifique a equipe de treinadores ou o departamento médico", salientou. "Se for orientação dos advogados tomaremos alguma atitude." Com base em um laudo que diagnosticou a doença no Rio de Janeiro, o pai de Jade, César Barbosa, reclamou: "Só sei que minha filha foi para Curitiba aos 13 anos e com perfeita saúde. E agora me devolvem ela assim". Em relação a reclamações feitas pela atleta de que não podia tomar água, Eliane ressaltou que a orientação é para que não haja excessos no momento dos treinamentos. "É para a própria segurança dos atletas, que não podem aumentar o peso na hora", disse. Sobre a controvérsia a respeito do antiinflamatório Prexige, o médico afirmou que era um dos utilizados pela CBG e que, inclusive, levou bastante para o período de aclimatação no Japão em 16 de julho. A portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibindo o medicamento foi publicada cinco dias depois. "Só fiquei sabendo quando chegamos a Pequim", disse. Segundo ele, imediatamente parou de receitá-lo. Para ele, o medicamento não é indicado para quem tem insuficiência renal. "A Jade tem cálculo renal, que é apenas um processo obstrutivo", salientou.

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