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Chegou a hora de Rosicléia festejar

Técnica do time feminino desde 2005, a ex-atleta transformou um grupo desacreditado em um dos mais respeitados

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Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

LONDRES - Rosicléia Campos não é uma mulher que esconde seus sentimentos. Ontem, na Excel Arena, sua alegria com a medalha de ouro de Sarah Menezes foi contagiante. Com lágrimas nos olhos e um sorriso aberto, a técnica da seleção brasileira estava eufórica. "É um sonho realizado." No comando do time feminino desde 2005, Rosicléia sabe muito bem conviver com tensão pré-menstrual, briga com namorados, vaidade e tudo que faz parte do dia a dia de uma mulher. "Sem dúvida, tomar conta de sete meninas é muito complicado, mas acho que eu as adotei como filhas e elas me adotaram como mãe."Nestes sete anos, além de administrar problemas pessoais de suas atletas, Rosicléia também colaborou muito para transformar o time feminino do Brasil de um grupo desacreditado em um dos mais respeitados da atualidade. "Não dá nem para comparar com o tempo em que eu era atleta", disse a ex-judoca, que esteve nas Olimpíadas de 1992 e 1996.Logo no primeiro dia dos Jogos em Londres, Rosicléia alcançou sua maior meta. "A ideia era chegar a uma final olímpica, o que já seria nossa melhor participação. Mas veio o ouro. Graças a Deus." E o judô feminino do Brasil não deverá parar por aí. Pela posição no ranking, é bem possível que pela primeira vez as mulheres tenham um desempenho melhor que os homens. "Acho que elas estão em um grande momento. Mas os meninos têm muita experiência e isso conta muito. Bem que poderíamos ganhar medalhas em todas as categorias, né?", brincou.Emoção. Enquanto Sarah Menezes recebia a medalha de ouro, Expedito Falcão era pura emoção na arquibancada do Excel Arena. "Passa um filme muito rápido nesse momento", disse, com lágrimas nos olhos, o treinador da judoca desde os 9 anos de idade, em Teresina. Expedito lembrou do tempo em que Sarah fugia dos treinamentos e também do tempo em que batia "demais" nos garotos. "Desde o começo ela fazia coisas que as outras crianças não faziam. Ela possui um talento nato. Coisa que nasceu com ela. Só precisamos lapidar."O treinador falou da importância de Sarah seguir treinando em Teresina. "O COB enviou um tatame oficial para o CT Sarah Menezes. Desta forma, outros atletas como ela vão surgir. Não é porque o Piauí é um estado pobre que não poderá revelar talentos para o esporte." Sarah sabe de sua importância em colocar seu estado na geografia do judô nacional, saindo de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. "É importante para o judô essa descentralização."Premiação. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) colocou R$ 1 milhão a ser distribuído para os atletas que ganharem a medalha. Sarah e Felipe Kitadai saíram na frente nessa disputa.

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