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China avisa: vai censurar imagens

Governo diz às emissoras de TV que vetará tomadas da Praça Tiananmen

Por Jamil Chade
Atualização:

A transmissão da Olimpíada se transforma em nova polêmica. O governo chinês avisou às emissoras que pagaram preço de ouro para mostrar os Jogos que não poderão exibir imagens da Praça Tiananmen (a Praça da Paz Celestial), no centro de Pequim. Isso fez com que uma rede francesa ameaçasse ir à Justiça, se for aplicada algum tipo de censura. As suspeitas das tevês européias e americanas foram reforçadas na segunda-feira, quando a emissora chinesa responsável pela geração das imagens cortou os protestos de ativistas tibetanos na cerimônia de acendimento da tocha olímpica na Grécia. Já preparados para qualquer anormalidade, os chineses acompanharam a solenidade com alguns segundos de atraso. Além disso, ao verem os protestos, a geradora oficial trocou as imagens por paisagens gregas. Agora, as redes ocidentais receberam a notícia de que poderiam receber imagens com atraso. A tática permitiria censurar cenas que o governo local considerar inadequadas. A Praça Tiananmen parece ser um ponto nevrálgico para as autoridades chinesas. Ela ficou internacionalmente famosa em 1989, quando estudantes foram massacrados por militares para acabar com protestos contra o governo. Por isso, não serão permitidas tomadas ao vivo da praça, que as autoridades consideram alvo ideal para oposicionistas. No ano passado, o governo garantiu que as transmissões ao vivo estariam liberadas a partir da Praça. Há poucos dias, diante dos protestos no Tibete, a autorização acabou sendo revista. Não é apenas o evento esportivo que terá acompanhamento de perto. Há poucas semanas, a cantora islandesa Björk lançou grito de apoio ao Tibete na parte final de seu show em Xangai. A partir daí, as manifestações públicas estão sendo controladas. O diretor de esportes da rede France Télévisions, Daniel Bilalian, insinuou que poderia rever planos de transmissão, se alguma medida de censura fosse imposta. O Comitê Olímpico Internacional (COI) estaria agindo nos bastidores para evitar a censura e garantir todas as exibições ao vivo. Mas, ainda assim, continua ignorando os protestos dos ativistas e, amanhã, promove em sua sede, em Lausanne, festa chinesa em homenagem a Pequim.

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