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Chineses pedem boicote à França contra indepêndencia do Tibete

Por BEN BLANCHARD
Atualização:

Chineses saíram às ruas em várias cidades neste sábado para condenar os pedidos de independência do Tibete e pedir um boicote aos produtos franceses, após os protestos contra o governo da China durante a passagem da tocha olímpica em Paris. Imagens da cidade central de Wuhan mostraram multidões marchando com cartazes de "Oponha-se à independência do Tibete, apoie as Olimpíadas" e "Diga não aos produtos franceses". Houve protestos similares em Hefei, no sudeste, e em Kunming, no sudoeste do país, com manifestantes diante de filiais da cadeia de supermercados francesa Carrefour. Em Pequim, houve um pequeno protesto em um supermercado da rede, mas a polícia logo interveio. "Estamos tentando despertar o patriotismo dos chineses para permitir que eles façam um esforço pelos Jogos Olímpicos e trabalhem juntos no protesto contra as atividades separatistas do Tibete", disse um manifestante, que não quis se identificar. Um pequeno grupo de pessoas se reuniu próximo à embaixada francesa para protestar contra a perturbação da passagem da tocha olímpica em Paris, com cartazes que diziam: "O Tibete pertence à China" e "Calem-se, franceses". A polícia interditou a rua da embaixada e o grupo logo se dispersou. Em Paris, chineses com bandeiras em apoio às Olimpíadas protestaram contra a maneira como a situação no Tibete vem sendo retratada na mídia ocidental. "Estou muito bravo com os franceses. Eles são ignorantes em relação à situação no Tibete", disse Xi Shengjun, que disse ser funcionário de uma empresa francesa em viagem de negócios. "Eles só sabem o que ouviram de sua mídia e isso não é a verdade", afirmou. A França vem tentando minimizar o boicote a seus produtos, dizendo que ele está sendo feito apenas por uma minoria. O jornal oficial China Daily reproduziu declarações do embaixador francês na China, Herve Ladsous, que lamentou os conflitos durante a passagem da tocha em Paris e disse que iria pessoalmente se encontrar com o atleta chinês deficiente atingido pelos protestos no país. "Eu sinto muito o que aconteceu durante a passagem da tocha em Paris", ele disse. Pequim acusa o Dalai Lama, o líder espiritual exilado do Tibete, de arquitetar os protestos como parte de sua campanha para a independência e para comprometer os Jogos Olímpicos. O Dalai Lama nega as acusações e afirma querer a autonomia do Tibete, não a sua independência. A edição estrangeira do People's Daily, do Partido Comunista, acusou o Dalai Lama no sábado de usar a causa dos direitos humanos para atingir seus objetivos. O Dalai Lama já condenou o uso da violência, pedindo negociações com a China e afirmou apoiar os Jogos Olímpicos. A China diz que suas afirmações não são sinceras. A tocha olímpica estava em Bangcoc neste sábado, onde a segurança foi reforçada para prevenir protestos como os ocorridos na Europa e nas Américas. (Reportagem adicional Lindsay Beck e Clotaire Achi)

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