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Chineses reagem aos protestos

Manifestações pelo mundo foram a favor da tocha e do controle do Tibete

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Por Cláudia Trevisan e Pequim
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file://imagem/93/china.jpg:1.93.12.2008-04-21.26 Milhares de chineses fizeram manifestações no fim de semana, dentro e fora do país, em reação aos ataques sofridos pela tocha olímpica em seu percurso mundial e em defesa dos Jogos de Pequim e do controle do Tibete pela China. Na Europa e nos Estados Unidos, o alvo foi a imprensa ocidental. Na China, a rede de supermercados Carrefour, que catalisou a ira dos jovens contra os atos pró-independência do Tibete realizados em Paris, durante a passagem da tocha pela cidade. Depois de incentivar o boicote as empresas francesas e fomentar o sentimento de xenofobia na população, o governo chinês começou a agir no fim de semana para esfriar os ânimos e tentar evitar que o entusiasmo nacionalista fuja a seu controle. A censura chinesa apagou dos fóruns de discussão freqüentados por jovens a maioria das mensagens que defendiam o boicote ao Carrefour. Até sábado, uma busca com a expressão ''boicote ao Carrefour'' trazia em primeiro lugar os textos críticos à rede francesa. Ontem, a lista era encabeçada por mensagens contrárias à idéia de que todos os ocidentais são inimigos da China. Órgãos de imprensa ligados a Pequim e ao Partido Comunista passaram a defender que o patriotismo seja expressado de maneira ''calma'' e ''racional''. O governo também mobilizou centenas de policiais para defender a integridade das lojas do Carrefour no país. No sábado, milhares de pessoas se reuniram em seis cidades chinesas para protestar em frente a lojas do Carrefour com faixas que traziam dizeres como ''cale a boca, França'' e ''Tibete é parte da China''. Na cidade de Wuhan, capital da província central de Hubei, alguns manifestantes carregavam imagens do líder Mao Tsé-tung (1893-1976). Ontem, as manifestações continuaram em outras cidades, incluindo a antiga capital imperial Xian, e Jinan e Harbin, no nordeste do país. Fora da China, cerca de 1.500 chineses protestaram em frente à sede da CNN em Los Angeles para pedir a demissão do comentarista Jack Cafferty, que em 9 de abril afirmou no programa Situation Room que os chineses são ''imbecis e bandidos'' e os produtos que vendem ao exterior, ''lixo''. Cafferty disse na semana passada que não se referia ao povo, mas sim ao governo da China. A rede britânica BBC foi alvo de protestos chineses realizados em Londres e Manchester. Também ocorreram demonstrações em Paris e Berlim. Preocupado com o impacto das manifestações, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, decidiu mandar dois enviados com mensagens ao governo chinês. O vice-primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, desembarca em Pequim na quarta-feira, enquanto o principal conselheiro diplomático de Sarkozy, Jean-David Levitte, chega à cidade no sábado. Entre os elementos por trás dos protestos, está a enorme insatisfação do governo chinês com a decisão de Sarkozy de condicionar sua ida à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos ao início de conversações entre Pequim e o dalai-lama, o exilado líder espiritual do Tibete.

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