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Cidade de São Paulo redescobre o remo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O remo de São Paulo passa por um "redescobrimento". Até a década de 70, era tradicional no Estado. Perdeu força com a poluição do rio Tietê, enquanto se mantinha no Rio de Janeiro, onde é mantido nos grandes clubes de futebol. Mas a Federação Paulista de Remo conseguiu um patrocínio anual e está trabalhando na divulgação do esporte, praticado na da raia do Centro de Práticas Esportivas da USP, o Cepeusp. Viabilizado por Lars Grael, o secretário estadual da Juventude, Esporte e Lazer, o patrocínio do remo paulista é da Nossa Caixa - R$ 240 mil para 2004. "Há um ano, a Federação era centralizada - comandada por duas pessoas. Eu e mais alguns remadores nos juntamos a essas pessoas e agora trabalhamos para o remo do Estado voltar a crescer. Antes, tínhamos dois árbitros paulistas. Nesse período, já formamos mais 20, que estão credenciados", conta o atleta Panayote George Damilakos, de 20 anos, do clube Paulistano, também diretor de divulgação da Federação. "Sabemos que em São Paulo pouca gente sabe que a raia da USP é um lugar bom, gostoso, para praticar o remo. O problema é que ela fica escondidinha. No Rio, o remo é forte por dois motivos. Primeiro, porque é praticado na Lagoa Rodrigo de Freitas, um cartão postal da cidade, onde todos que passam vêem remadores e podem se interessar por um esporte diferente. Segundo, porque os grandes times de futebol do Rio, como Flamengo, Botafogo e Vasco, mantêm suas equipes", explica Panayote. Sobre o patrocínio da Nossa Caixa, Acácio Roberto de Lemos, técnico do Paulistano, assinala: "Nunca tivemos um incentivo desse. Fizemos um ranking de 15 atletas. Os cinco primeiros ganharão R$ 1.333 de ajuda de custo por mês e os outros dez, R$ 333." A cada três meses o comitê gestor da Federação Paulista avaliará os atletas, que podem ganhar ou perder posições na lista. "A intenção é que ninguém relaxe. Quem estiver em cima terá de batalhar para se manter; quem estiver embaixo tentará subir no ranking", diz Panayote. O remador enumera: "Em São Paulo, temos cinco clubes federados: Paulistano, Corinthians, Bandeirante, Espéria e Cepeusp. O Pinheiros já anunciou que vai voltar a ter o esporte e daqui a algumas semanas voltará a colocar os barcos aqui na raia da USP. Isso mostra que nosso esporte está ganhando força de novo. O Pinheiros é um clube que sempre entra na briga em todos esportes: não ia voltar ao remo se não fosse para ganhar." Mônica Anversa, também do Paulistano, tem 32 anos e rema desde os 20. "Treinei no Rio de Janeiro de 1999 a 2001, por convite do técnico Ricardo Ibarra, um argentino. Lá não tem nada de diferente, só é muito mais quente do que São Paulo - e, sinceramente, não gosto de treinar com um calor tão intenso. O remo só é mais forte no Rio porque é praticado em uma "vitrine aberta" e porque a Confederação Brasileira fica lá, com os eventos mais centralizados", diz a atleta, que foi ao Pan de Winnipeg/99 e de São Domingos/2003. Um dos clubes mais tradicionais do remo paulista foi o Espéria, que hoje se mantém com o dinheiro arrecadado com sua escolinha. "O remo foi muito forte no clube porque ficava muito próximo da raia - o rio Tietê. Com o tempo e os problemas de poluição do rio, os associados perderam o interesse no esporte pela distância da nova raia - a da USP. Aconteceu o mesmo com clubes como Tietê e Corinthians, que são ribeirinhos. Os gastos eram muito altos, ficou inviável para o Espéria manter o departamento, que foi terceirizado em março de 2002 e hoje tem a gestão de remadores como eu e o Luiz Armando Fairbanks de Sá", ressalta Ricardo Pessoa, de 26 anos. "Hoje temos cerca de 60 pessoas remando, entre atletas da escolinha e alto rendimento." Para 2004, Panayote está otimista: "O Lars Grael já mostrou interesse grande pelo remo. O projeto Navega São Paulo, criado por ele, tem um pólo na Praia Grande para remo, vela e canoagem. Até o fim de sua gestão, ele quer fundar 36 pólos pelo interior do Estado." O atleta de 20 anos tenta vaga na equipe olímpica para Atenas, em agosto. Mas, mesmo que não consiga, viaja para a Grécia: "Minha família é de lá. Vou como atleta, visitante... Ou voluntário - já fui até aceito."

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