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Clubes vão à luta por verba pública

Eles reclamam direito a parte do dinheiro arrecadado pelas loterias

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Por Valeria Zukeran
Atualização:

Os clubes vão brigar para ter acesso a uma porcentagem dos recursos da Lei Agnelo/Piva, que destina parte do dinheiro arrecadado pelas loterias federais para o desenvolvimento do esporte. Para isso, vão se reunir terça-feira no Clube Pinheiros e promover o primeiro encontro do Conselho de Clubes Formadores. O evento terá a presença de representantes do Minas Tênis, Vasco, Fluminense, Flamengo, Grêmio Náutico União, Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa) e Corinthians com o fim de discutir estratégias de trabalho. O presidente do Minas e do conselho, Sergio Bruno Zech Coelho, acredita que, a princípio, para que os clubes possam ter acesso ao dinheiro da Lei Piva será necessária uma mudança em forma de decreto-lei a ser assinada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. "Vamos tentar sensibilizar o Governo Federal para tentar modificar o decreto, pois clubes como o Minas e o Pinheiros podem até não precisar tanto desse repasse, mas existem muitos outros entre os 13.800 de todo o País (segundo a Confederação Brasileira de Clubes) que precisam." O dirigente ressalta, no entanto, que outras alternativas podem vir a ser propostas e estudadas. Segundo o presidente do Pinheiros, Antônio Moreno Neto, 77% da delegação brasileira que participou da Olimpíada de Pequim se beneficiou da estrutura de um clube na sua preparação. "E hoje não recebemos nenhum centavo por isso." O seu colega do Flamengo, Márcio Braga, diz que não faltará mobilização. "Vamos ao Governo Federal pedir que o dinheiro chegue até a gente." Coelho afirma que os clubes já tentaram negociar com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas não obtiveram sucesso. "Foram realizadas reuniões há cerca de dois anos, mas foram publicadas reportagens sobre o assunto que deixaram o Nuzman (Carlos Arthur Nuzman) irritado e não houve continuidade." A última tentativa de apoio ao clube que o dirigente tem notícia ocorreu no encontro promovido pelo COB para discutir a distribuição das verbas da Lei Piva com as Confederações Esportivas. "Pelo que soube, somente duas confederações foram a favor de repasse de verba para os clubes." Coelho insiste que hoje a relação entre os clubes e o COB é praticamente inexistente. "Para se ter uma ideia, na ocasião do Prêmio Brasil Olímpico tínhamos vários atletas do Minas no evento e ninguém do clube foi convidado." O mesmo tem acontecido em outros eventos oficiais em Brasília. "Foi como se não tivéssemos nenhuma participação no processo." INSUFICIENTE Segundo o COB, a verba da Lei Piva não é suficiente, pois corresponde a apenas 1/3 das necessidades do esporte e a menos de 1/10 do investimento em modalidades olímpicas feito em países como Austrália, Grã-Bretanha, Alemanha e China. A entidade promete apoio às ações dos clubes para conseguir recursos pela Lei de Incentivo ao Esporte. Os clubes dizem que isso ajudaria, mas, como essa lei não permite o uso dos recursos para remunerar os atletas, não resolveria todo o problema. O ministro do Esporte, Orlando Silva, diz que o Governo Federal vem fazendo sua parte. "Nunca houve tanto repasse como nesta gestão", disse o dirigente, lembrando de iniciativas como o Bolsa Atleta, a Lei de Incentivo ao Esporte e o patrocínio das modalidades por empresas estatais. Mas, segundo ele, o governo não pode fazer tudo. "Onde estão os governos municipais e estaduais? Eles também têm de ajudar." Silva diz ser simpático ao repasse de verbas para os clubes, mas ressalta que as partes envolvidas precisam se entender. "É preciso reunir o COB, as confederações e os clubes em uma mesa e resolver tudo isso."

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