COI decide: transexuais poderão competir

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que vai autorizar a inclusão de transexuais em competições oficiais a partir da Olimpíada de Atenas. A decisão foi tomada após discussões de um grupo de médicos especialistas, formado em outubro de 2003 pelo Comitê Executivo da entidade. Como o grupo de trabalho ficou reunido na Suécia, o documento que regulariza a presença de atletas que trocaram de sexo em eventos do COI foi chamado Consenso de Estocolmo. No caso de mulheres que fizeram cirurgia ou tratamento para se tornarem homens, a burocracia para a inclusão é praticamente inexistente. Mas no caso contrário ? mudança de homem para mulher ? o atleta, especialmente aquele que se submeteu à troca de sexo após a puberdade, terá de observar série de normas para evitar que fatores hormonais ofereçam vantagens no desempenho atlético. No caso de troca de sexo do masculino para o feminino, o atleta deverá esperar dois anos após a retirada cirúrgica do pênis e dos testículos para competir. Além disso, deverá ter a mudança sexual reconhecida pelas autoridades e ter sido submetido a tratamento hormonal. Os pedidos de autorização para competir serão avaliados caso a caso. Segundo comunicado oficial do COI, a iniciativa de regularizar a inclusão de atletas transexuais em seus eventos esportivos se deu porque, com os avanços recentes na medicina, o número de casos de troca de sexo vêm aumentando nos últimos anos. CASOS - Há três casos célebres de transexuais no esporte: a golfista Mianne Bagger, a tenista Renée Richards e a ciclista Michelle Dumaresq. Nascida na Dinamarca, Bagger vive na Austrália e em 92 interrompeu a carreira para se preparar para a cirurgia de troca de sexo. Seis anos depois retomou a atividade e, já competindo entre as milhares, conquistou três títulos amadores entre 99 e 02. No momento em que quis se profissionalizar, encontrou sérias resistências de entidades esportistas e principalmente de atletas, que se consideraram em condição de desigualdade. Renée Richards teve problemas mais sérios e teve de recorrer à Corte Suprema dos Estados Unidos para poder disputar os torneios femininos de tênis. Já a canadense Michelle Dumaresq chegou a ter a licença cassada. Posteriormente, conseguiu uma vaga na seleção do país. Futebol ameaçado ? O esporte mais popular do mundo corre risco de ficar fora dos Jogos Olímpicos. A Fifa ainda não chegou a acordo com a Wada, agência de combate ao doping, e pode ter problemas com o Comitê Olímpico Internacional. A entidade que organiza Olimpíadas condiciona participação de qualquer esporte a acerto com a Wada. Já foram vendidas 400 mil entradas para o torneio de futebol, em Atenas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.