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Coisa de criança? Conheça os representantes do Brasil no Campeonato Mundial de Aviãozinho de Papel

Seletiva aconteceu nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, nas modalidades maior distância e maior tempo de voo

Por Marcio Dolzan/RIO
Atualização:

Três vezes medalhista olímpica no judô, Mayra Aguiar conta que começou a praticar o esporte ainda na infância, por ser bagunceira e gostar de dar cambalhotas. Pois, nesta segunda-feira, dois outros jovens brasileiros deram passos importantes para conquistar o mundo graças a peraltices dos primeiros anos de vida: Pedro Capriotti e Isaac Queiroz, ambos de 19 anos, foram campeões da etapa brasileira do Campeonato Mundial de Aviãozinho de Papel e, agora, irão disputar o título máximo da competição no mês que vem, em Salzburgo, na Áustria.

A competição inusitada foi realizada no Museu do Amanhã, no Centro do Rio. Reuniu oito competidores, divididos em duas modalidades: Maior Distância e Maior Tempo de Voo. Eles chegaram à grande decisão nacional após vencerem suas etapas regionais. Por coincidência, ambos são paranaenses.

Final nacional do Campeonato Mundial de Aviões dePapel, o 'Red Bull Paper Wings', reúne oito 'pilotos' em busca do título da competição nesta segunda-feira, no Museu do Amanhã Foto: Wilton Junior/ Estadão Conteúdo

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“Eu era uma criancinha bagunceira no colégio. Atazanava a vida dos professores, pegava suspensão. Ser piloto de aviãozinho de papel não começa como algo sério, é uma brincadeira, uma diversãozinha de moleque”, conta Isaac, que estuda Nutrição em Londrina e agora é campeão nacional na modalidade Maior Distância.

Início de carreira semelhante teve Pedro Capriotti, estudante de Engenharia Elétrica e, desde a noite desta segunda-feira, melhor piloto nacional de aviãozinho de papel quando o assunto é tempo de permanência no ar.

“Desde criança eu montava aviãozinho com meu pai, para brincar, ver quem arremessava mais longe ou conseguia dar mais piruetas”, lembra Capriotti. Nesta segunda, ele fez sua máquina (de papel) ficar planando por 7,61s diante dos olhos de dezenas de pessoas que foram ver o espetáculo aéreo no Museu do Amanhã. “Vim como uma zebra, mas foi determinante o jeito que eu lancei o avião. Lancei pra cima, e isso deu um segundo e meio a mais do que precisava.”

MODELOS

As duas modalidades em disputa no Campeonato Mundial de Aviãozinho de Papel guardam algumas semelhanças, mas também diferenças.

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Em comum a elas estão o perfil dos pilotos - universitários, adultos jovens que carregam ainda as boas lembranças da infância - e o material utilizado, que nada mais é do que um papel ofício, de tamanho A4. A montagem dos aviões também segue uma regra básica para ambas: não pode haver nenhum tipo de corte, rasgo ou colagem. É tudo feito à base de dobras.

Nayder Almeida disputou a prova de maior tempo no ar Foto: Wilton Junior/ Estadão Conteúdo

Outro aspecto que os pilotos e engenheiros aeronáuticos (de papel) têm em comum é a inspiração: os origamis. Sim, se você quer competir com um aviãozinho de papel, esqueça aquelas dobras simples que você fazia no colégio e aprenda as técnicas de dobradura japonesas.

“O que eu faço é um modelo que já existia e se baseia em origami. Fica quase igual uma flecha”, diz Isaac. O modelo é recheado de dobras, o que deixa o aviãozinho mais fino. Essa aerodinâmica diminui a resistência do ar e permite que ele vá mais longe. A força no arremesso, claro, também influencia.

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É bem diferente da outra categoria, que à primeira vista é mais robusta. “Os aviõezinhos de maior tempo de voo tem uma pegada diferenciada. Eles demandam maior elaboração e outra técnica de arremesso”, ensina José Junio, que aos 24 anos estuda Engenharia de Produção em Goiás e pilota aviõezinhos de papel destinados a ficar o maior tempo possível no ar.

Antes da pandemia, Junio foi campeão regional na modalidade Maior Distância, mas  agora ele preferiu migrar para a outra, a de Maior Tempo de Voo. “O modelo que uso é parecido com o que eu brincava na infância, mas adaptei com algumas técnicas que vi na internet e também discutindo com um amigo meu”, explica.

Em sua sexta edição, o Campeonato Mundial de Aviões dePapel conta com a presença de mais de 60 países e 405 qualificatórias pelo mundo. Foto: Wilton Junior/ Estadão Conteúdo

Segundo ele, que foi à final brasileira liderando o ranking de tempo de voo, com o tempo 9,62s, o mais importante para se confeccionar um avião de papel para planar por mais tempo é a igualdade nos lados. “Uma coisa muito importante nesta modalidade é manter a simetria em todas as dobras.” Apesar do tempo que conquistou na qualificatória, nesta segunda ele não conseguiu repetir o bom desempenho.

Suspenso nos últimos anos por causa da pandemia, o Campeonato Mundial de Aviãozinho de Papel é organizado pela Red Bull, e conta com respaldo da Paper Aircraft Association (a Associação de Aeronaves de Papel, em tradução livre). Fundada em 1999, ela regula os campeonatos do tipo no mundo todo.

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