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Com mais dinheiro e menos finais, COB cobra atletismo e natação

Desempenho abaixo do esperado aconteceu apesar de o País ter feito a mais cara preparação da história

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Por PEDRO FONSECA
Atualização:

Atletismo e natação, os dois esportes que mais distribuem medalhas nos Jogos Olímpicos, receberam críticas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) pelo desempenho em Londres, uma vez que não conseguiram alcançar a meta de finais olímpicas, apesar de receberem a maior e mais cara preparação entre os atletas brasileiros. O Brasil, que teve mais de 340 milhões de reais administrados apenas pelo COB na preparação para os Jogos, conquistou um recorde de medalhas na capital britânica, com 16 pódios, mas não bateu a meta de superar as 41 finais olímpicas de Pequim-2008. Foram 35 classificações para finais em Londres. O atletismo, com apenas duas vagas para lutar por medalhas --Mauro Vinícius da Silva no salto em distância (7o lugar) e o revezamento 4x100m feminino (7o)-- foi quem mais pesou para o Brasil não alcançar a meta estabelecida. Em Londres o atletismo ficou sem medalha pela primeira vez desde os Jogos de Barcelona-1992, um motivo de preocupação ainda maior para o Brasil diante da responsabilidade de receber dentro de quatro anos os Jogos Olímpico de 2016 no Rio de Janeiro. O mesmo pode se dizer da natação, que repetiu em Londres os dois pódios de Pequim, mas dessa vez sem o ouro de Cesar Cielo, que foi bronze. A outra medalha foi a prata de Thiago Pereira. Em número de finais Londres teve uma a menos que Pequim, 6 a 5. "A gente vai se reunir com eles, são as duas modalidades que mais dão medalhas. A gente tem que ter sempre atenção, e a meta com certeza não vai ser 0 e 2 para o Rio de Janeiro", disse neste domingo a jornalistas o superintendente-executivo do COB, Marcus Vinicius Freire, ao fazer um balanço da preparação brasileira em Londres. As maiores decepções do atletismo ficaram por conta da campeã mundial do salto com vara Fabiana Murer e da campeã olímpica em Pequim do salto em distância, Maurren Maggi, que não chegaram nem à final em Londres. Também regrediram as duas equipes do revezamento 4x100m, que ficaram em 4o em Pequim. O time feminino foi 7o em Londres, enquanto o masculino, que foi bronze em Atlanta-1996 e prata em Sydney-2000, também nem fez final na capital britânica. A lista de modalidades que tiveram resultados abaixo do esperado pelo COB em Londres inclui ainda a vela (apenas um bronze, com Robert Scheidt, e três medal races), a ginástica artística feminina (não fez nenhuma final), o futebol e o basquete femininos, o takewondo e o hipismo. Nesses esportes o Brasil já foi medalhista olímpico, mas não conseguiu repetir o resultado. O desempenho abaixo do esperado aconteceu apesar de o Brasil ter feito para Londres a maior e mais cara preparação olímpica da história, incluindo um centro de treinamento exclusivo para atletas do país na capital britânica e a oportunidade de treinar e disputar competições no exterior ao longo do ciclo olímpico de quatro anos. Apenas os recursos da Lei Agnelo/Piva, que destina dinheiro das loterias para o esporte olímpico, somaram 331 milhões de reais investidos na preparação dos atletas pelo COB, além do patrocínio de empresas estatais e privadas a atletas e confederações. O COB teve ainda mais 11 milhões de reais da Prefeitura do Rio para investir em atletas da cidade. O valor é 28 por cento superior ao que foi gasto nos quatro anos antes de Pequim, apesar de o número de medalhas ter mudado pouco. "Não tem onde comprar medalha, você precisa de tempo, de treinamento, de qualificação e isso demanda tempo. A gente precisa de tempo para que mature o nosso trabalho como resultado", disse Marcus Vinicius.

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