14 de julho de 2020 | 05h00
Além de atingir as finanças, a pandemia também afetou a rotina dos projetos sociais ligados ao esporte. Atividades lúdicas e aulas se tornaram online ao mesmo tempo em que a crise econômica permitiu maior aproximação entre as iniciativas e os familiares dos atendidos, através de doações.
“Começamos a receber demandas das famílias dos alunos, principalmente quanto à falta de comida. Nunca tínhamos dado alimentação ou cesta básica antes. Mas era o que eles precisavam agora”, diz Ana Moser. A saída foi iniciar campanhas de arrecadação de dinheiro e comida para direcionar para as famílias mais pobres.
Logo nas primeiras semanas da quarentena, Flavio Canto e o Instituto Reação levantaram 6 mil cestas básicas para atender 2 mil famílias nas comunidades onde atua, no Rio de Janeiro. A meta agora é chegar ao número de 100 mil cestas. “Nunca curti ações assistencialistas. Mas hoje é uma necessidade muito clara. Precisamos levar comida para mesa desta galera”, diz Canto.
“Tivemos uma dedicação muito grande”, afirma Ana Moser. “E o que ficou claro é que há um vínculo muito grande entre os projetos e as comunidades. As ONGs são muito criticadas, mas nesta hora da pandemia, foram as ONGs que estavam conectadas com as comunidades.”
Nas atividades do dia a dia, a conexão também faz a diferença. Os educadores e orientadores de cada projeto precisaram aprender rapidamente sobre vídeos e transmissões ao vivo. “Era algo que não fazíamos antes. Os professores tiveram que desenvolver essas habilidades e junto com as comunidades, porque todo mundo tem suas limitações, tanto os professores quanto os alunos.”
Flavio Canto batizou as aulas e o bate-papo com as crianças e adolescentes do instituto de “quarentreino”. “Eu trabalho do meu estúdio, no tatame, e buscamos adaptações. Até o cabo de vassoura vira companheiro de treino. Botamos nome dos bonecos. Fazemos o ‘quarentreino’ duas vezes por semana pelo Instagram. E depois fazemos pelo zoom também.”
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