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Começa conexão Brasil-China

Times do remo e da canoagem foram os primeiros a ocupar apartamentos da Vila Olímpica reservados à delegação brasileira, que terá 277 atletas. O atletismo viaja hoje, o vôlei já embarcou

Por Bruno Winckler e Amanda Romanelli
Atualização:

O verde-e-amarelo da bandeira brasileira já encontrou seu lugar em Pequim. Ontem, os primeiros atletas da delegação nacional entraram na Vila Olímpica, aberta no domingo, e já ocuparam dois apartamentos no edifício C6. A honra coube aos três homens e às três mulheres da equipe de remo, abre-alas para os outros 271 companheiros que chegarão nos próximos dias. Chegou também a canoagem. Em sua terceira Olimpíada (participação recorde no remo), o catarinense Anderson Nocetti, do single skiff, foi o primeiro brasileiro a entrar no alojamento dos Jogos. "Não sou supersticioso, mas entrarei na Vila com o pé direito", disse o remador, ainda no Aeroporto de Pequim. Outros dois atletas participam das provas pela segunda vez. Thiago Gomes, do double skiff peso leve, e Fabiana Beltrame, do single skiff, que em Atenas-2004 se tornou a primeira remadora a ir para a Olimpíada. Aos 29 anos, Gomes diz que os jogos chineses marcarão sua despedida. "Estou emocionado porque vou encerrar 12 anos de dedicação." No time dos novatos estão Thiago Almeida, companheiro do xará no double skiff peso leve, além da dupla Camila Carvalho e Luciana Granato. Ambas superaram a distância entre Rio e São Paulo - Camila é atleta do Vasco e Luciana, do Paulistano - e conseguiram classificar de forma inédita um barco duplo feminino. "Teremos, pela primeira vez na história, esta embarcação", lembra Luciana. "O trabalho começou há dois anos e nos empenhamos muito. Estava ansiosa." Hoje, a equipe brasileira já experimenta as águas da raia do Parque Olímpico de Shunyi. Testa também os barcos que serão usados na competição. "Não vejo a hora de ir para a raia", anseia Luciana. A competição de remo começa no dia 9 e segue até o dia 17. Em quatro anos, 50% de renovação. Metade da seleção brasileira feminina de vôlei - seis das 12 jogadores convocadas - nunca disputou uma Olimpíada. Entre novatas e experientes, todas viajaram ontem à noite para a última etapa de preparação, em Osaka, no Japão, assim como a seleção masculina, que irá fazer aclimatação em Tóquio. Ambos os grupos seguem para Pequim apenas no dia 5. Estreantes na competição, as pontas Paula Pequeno e Jaqueline, a líbero Fabi, a oposto Sheilla, a meio-de-rede Thaísa e a levantadora Carol Albuquerque, unem-se às ?velhinhas? Fofão e Walewska, que seguem para a terceira campanha olímpica. Elas foram medalha de bronze nos Jogos de Sydney, em 2000, e ficaram em quarto lugar em Atenas-2004. As duas já anunciaram aposentadoria da equipe nacional após Pequim. "São muitos anos jogando pelo Brasil. Quero pensar em casar, ter filhos", disse a meio-de-rede Walewska, de apenas 29 anos. Durante o último ciclo olímpico, a ponta Paula Pequeno já realizou parte dos sonhos de Walewska. Impedida de ir à Atenas por uma grave lesão no joelho esquerdo, casou-se com o jogador de handebol Alexandre Folhas e, há dois anos, tornou-se mãe da pequena Mel. "É a realização de um sonho", diz Paula, de 26 anos. "Ao mesmo tempo que fico com o corpo arrepiado quando penso que a realidade está cada vez mais próxima, tento manter o controle e os pés no chão." A estréia da seleção feminina será no dia 9, contra a Argélia. E a ?inexperiência? de parte da equipe não tira o sono do técnico José Roberto Guimarães, campeão com os homens em Barcelona-1992. "É um grupo que está acostumado a jogar outros tipos de competição como Mundiais, Grand Prix. Não acredito que teremos problemas", disse o técnico. A preocupação de Zé Roberto está nas distrações da Vila Olímpica. "Elas vão ter que estar focadas. Temos conversado sobre isso todos os dias." Como o Brasil joga no dia seguinte à abertura dos Jogos, nenhuma atleta estará na festa inaugural. "O importante é jogar e ganhar. Podemos ver a festa na televisão", diz a meio-de-rede Thaísa, caçula da equipe, com 21 anos. "Somos grandes o suficiente para lidar com isso. O foco está na quadra." Vicente Lenílson e Sandro Viana carregam a tradição do Brasil na prova do revezamento 4x100. Bronze em Atlanta, prata em Sidney e ouro no Pan do Rio, o time do Brasil ainda tem Rafael Ribeiro e Bruno Lins (além dos reservas José Carlos Moreira e Nilson André) e embarca hoje para Macau, na China. Antes, Vicente e Sandro falaram ao Estado sobre as chances do País. O Brasil tem o quarto melhor tempo do mundo (37s99) e eles sabem que precisam de uma forcinha a mais para subir no pódio. "Jamaica, Trinidad e Tobago e os EUA têm tempos melhores. São favoritos, mas a Olimpíada é diferente de qualquer outra competição", diz o veterano Lenílson, em sua terceira disputa olímpica. Ele é o único com experiência nos Jogos e vai usar essa bagagem para passar o bastão aos novatos. "Admito que sou o mais velho e assumo a responsabilidade de ser um conselheiro", diz o atleta, de 31 anos. Viana, com a mesma idade, corre pela primeira vez no torneio. "Alerto para que não fiquem deslumbrados com o que vão ver. Eles estão no topo do esporte mundial e, para perder o foco, é um pulo", afirma Lenílson. "Converso bastante com o Vicente, com o Nei (Claudinei Quirino, prata em Sidney) e o Zequinha Barbosa. Todos têm experiência e falam para eu manter a cabeça só nas competições", conta Viana. Para evitar o clima de festa em Pequim, os atletas ficarão 10 dias em Macau. Não participam sequer da cerimônia de abertura. "Vai ser bom ficar um pouco longe disso", diz Viana, que faz questão de ir à festa de encerramento. "Aí vai ser tudo festa. De preferência com uma medalha no peito." Lenílson acredita que, além do revezamento, o Brasil pode trazer três medalhas, com Jadel Gregório, no salto triplo, Maurren Maggi, no salto em distância, e Fabiana Murer, no salto com vara. Ele abre uma brecha para a maratona masculina. "Fora isso é quase impossível."

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