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CORREÇÃO-Rio 2016: sonho ou pesadelo?

Por (CORRIGE OS GASTOS ESTIMADOS DE LONDRES
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O Rio já está na reta final de uma longa corrida pela sede dos Jogos Olímpicos, mas o sonho de trazer pela primeira vez a Olimpíada para a América do Sul também é apontado como um possível pesadelo de promessas não cumpridas, orçamentos estourados e bilhões de reais gastos em elefantes brancos. Após duas tentativas frustradas, o Rio de Janeiro tem esta semana a primeira chance real de ser eleita sede da Olimpíada de 2016. A cidade concorre com Chicago, Madri e Tóquio numa das disputas mais equilibradas dos últimos anos. O anúncio da vencedora será feito pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no dia 2 de outubro, em Copenhague. "Na nossa opinião o COI vai tomar uma decisão importante para 2016, que pode ser histórica", disse recentemente à Reuters o secretário-geral da candidatura Rio 2016, Carlos Roberto Osório. O Rio apresenta como um de seus trunfos o legado dos Jogos Pan-Americanos, o que, no entanto, traz também a lembrança do orçamento estourado e de muitas promessas não cumpridas -- como a expansão do metrô e a despoluição da Baía de Guanabara, entre outras obras. Além disso, apenas 29 por cento das instalações esportivas construídas para o evento de 2007 estão prontas para a Olimpíada, e a maioria delas praticamente não foi usada desde então. Desta vez, as promessas incluem um novo sistema de transporte rápido interligando as regiões dos Jogos, a reforma da zona portuária e do aeroporto internacional, o aumento da oferta de acomodação, e, outra vez, a limpeza da baía e das lagoas da cidade. Para tanto, a proposta prevê um gasto total de 28,8 bilhões de reais, dos quais quase 25 bilhões provenientes dos cofres públicos. Segundo as autoridades da candidatura, boa parte das obras está prevista para ser executada independentemente da realização dos Jogos, algumas para a Copa do Mundo de 2014 que será realizada no Brasil. A grande maioria dos projetos, no entanto, ainda não saiu do papel. Para a ex-jogadora de vôlei de praia e campeã olímpica em Atlanta-1996 Sandra Pires, a Olimpíada pode transformar a cidade. "Seria maravilhoso", disse ela à Reuters. "Fui a quatro Olimpíadas e vi como as cidades melhoram depois da Olimpíada. Pequim, por exemplo, virou outra cidade". "O Rio hoje não está pronto, mas é por isso que é decidido bem antes, para consertar o que não está bom. Temos um bom tempo pela frente." APOSTA CARA A previsão de gastos do Rio é uma das mais altas entre os quatro concorrentes, mas em linha com os gastos previstos por Londres para sediar os Jogos de 2012, estimados em cerca de 28 bilhões de reais. Tóquio, com a maior parte da infraestrutura pronta, é a candidato com menor orçamento (menos de 10 bilhões de reais). O clima geral na cidade é de otimismo para a votação. De acordo com dados do COI, 85 por cento dos cariocas e 69 por cento dos brasileiros apóiam a realização dos Jogos na cidade. Quem é contra normalmente questiona o alto custo da organização em um país e uma cidade ainda carentes de serviços básicos, por exemplo habitação -- já que boa parte da população carioca vive nas centenas de favelas espalhadas pelos morros da cidade. "O Rio 2016 não é um sonho, mas sim um pesadelo", disse à Reuters Alex Pussieldi, técnico de natação brasileiro radicado nos EUA e comentarista de esportes olímpicos na TV, um dos críticos dos Jogos a se manifestar publicamente na Internet. "Antes de receber uma Olimpíada, o Brasil precisa ser um país mais sério e organizado", disse. "Sou contra esse abuso de poder, gastos exorbitantes e contas nunca fechadas", acrescentou. Mesmo se não ganhar, a candidatura do Rio já terá custado aos cofres públicos mais de 100 milhões de reais, parte destinada a alavancar a proposta brasileira no exterior. O presidente da candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, encabeçou uma volta ao mundo para apresentar a candidatura a vários países. "Onde havia voto os integrantes do COB foram atrás", disse à Reuters uma fonte do COB. "Atravessaram rios no Congo e em países da África atrás de voto. Compraram assentos em espetáculos e jogos de futebol em que se sabia que haveria um membro votante. Faziam de tudo para parecer um encontro casual, mas fazia parte da estratégia da campanha", acrescentou. (Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)

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