CPB faz 'peneira' nas Paralimpíadas Escolares de olho em Tóquio-2020 e Paris-2024

Novo projeto seleciona adolescentes com potencial para buscar medalhas nos dois próximos Jogos Paralímpicos

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Por Rafael Franco
4 min de leitura

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) começou a colocar em prática neste ano um novo projeto que visa garimpar, por meio das Paralimpíadas Escolares, potenciais medalhistas para as duas próximas edições dos Jogos de Tóquio-2020 e Paris-2024. Além disso, a iniciativa espera ampliar os horizontes do Brasil para a descoberta de talentos que muitas vezes não fazem parte de clubes ou não recebem muitas oportunidades de mostrar seu valor.

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Com base no desempenho que tiveram na grande competição escolar realizada em 2017, a entidade selecionou 37 adolescentes do atletismo e da natação, as duas modalidades mais vitoriosas do Brasil no esporte adaptado, que foram convocados para um camping de duas semanas no CT Paralímpico, em São Paulo. 

Atletas escolhidos pelo CPB durante o camping. Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX

Vinte nadadores e 17 competidores do atletismo chegaram ao enorme local, cuja construção é o principal legado físico motivado pela Paralimpíada do Rio-2016, no último dia 21 de janeiro, e só foram embora para as suas casas na última segunda-feira. Neste período, eles foram submetidos a treinamentos de alta performance, realizaram uma série de avaliações e ainda foram orientados por profissionais que integram as seleções principais paralímpicas do Brasil.

O recém-criado Camping Escolar Paralímpico reuniu adolescentes de 13 a 18 anos, de 14 Estados e do Distrito Federal, que representaram as suas respectivas regiões com destaque na última edição das Paralimpíadas Escolares. E a experiência serviu também para estreitar a relação dos meninos e meninas com o CPB e para lapidá-los para que possam se tornar novas "joias" do Brasil no esporte adaptado.

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"O Camping Escolar Paralímpico é a primeira de uma série de iniciativas que temos planejadas para a detecção e o desenvolvimento de jovens talentos. Por meio do projeto, pudemos trazer atletas que se destacaram nas Paralimpíadas Escolares para vivenciar um pouco mais de perto o esporte de alto rendimento. É benéfico para eles, que têm essa oportunidade, e para a nossa área técnica, já que tivemos a chance de avaliá-los de maneira mais profunda", afirmou Mizael Conrado, ex-atleta paralímpico do Brasil e atual presidente do CPB, em entrevista ao Estado

Uma nova reunião de adolescentes selecionados por meio das Paralimpíadas Escolares também já está programada para julho, quando os mesmos poderão marcar presença em mais um estágio deste camping do CPB porque estarão no período de férias dos seus colégios. 

E Mizael também revelou que o custo estimado para o projeto com a garotada é de R$ 700 mil para 2018 e enfatizou que as Paralimpíadas Escolares são vistas pelo CPB como principal celeiro para a formação e revelação de novos campeões para os ciclos que visam principalmente Tóquio-2020 e Paris-2024. 

"As Paralimpíadas Escolares são a maior porta de entrada do jovem no esporte adaptado no Brasil. Apenas no ano passado foram mais de 900 jovens inscritos, de 26 Estados mais o Distrito Federal. Oportunizar a prática esportiva para a pessoa com deficiência é vital para que atletas sejam formados, e nenhum evento cumpre este papel com maior eficácia do que as Paralimpíadas Escolares. Não à toa nomes como Petrúcio Ferreira, Lorena Spoladore, Alan Fonteles (todos do atletismo) e Leomon Moreno (do goalball), entre outros, surgiram deste evento", ressaltou o presidente do CPB ao Estado.

METAS SEM EUFORIA

Embora não esconda a empolgação com o projeto que visa melhorar o processo de formação de futuros medalhistas por meio da "peneira" que o CPB faz na grande competição escolar incluída em seu calendário, Mizael também prefere ainda não estabelecer metas de pódio ou exibir otimismo exagerado para Tóquio-2020 e Paris-2024. Porém, enfatiza que o Brasil é, há pelo menos uma década, uma das grandes forças no cenário paralímpico mundial.

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"Já há algum tempo é possível dizer que o Brasil é uma potência paralímpica, sendo que estamos entre os primeiros do quadro geral de medalhas dos Jogos desde ao menos Pequim-2008. Não trabalhamos com um número fechado (de pódios almejados), pois a trajetória de um jovem depende de uma série de variáveis que pode em muitos casos fugir do nosso controle. Mas a intenção é dar a eles todo o suporte necessário para se tornar um atleta de alto rendimento no futuro", enfatizou Mizael.

Embora contenha a euforia, o dirigente aposta que a seleção brasileira manterá nos Jogos de Tóquio e Paris o protagonismo que conquistou por meio de nomes como o nadador Daniel Dias, maior atleta paralímpico da história do País.

"Estamos em processo de finalização do nosso planejamento estratégico, mas já é possível dizer que o Brasil irá ao Japão e à França para desempenhar o papel de potência do esporte paralímpico, como já foi nas últimas edições da competição. As metas ainda estão sendo discutidas, pois estamos em um processo de avaliação do cenário internacional e discussão interna com as federações responsáveis pelas modalidades do programa dos Jogos Paralímpicos", destacou Mizael.