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''Crimes acontecem em todos os lugares do mundo''

Dirigente fala sobre os furtos ocorridos em hotéis de delegações, mas acha que a segurança vai melhorar até o Mundial

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Por Silvio Barsetti e Luiz Antônio Prosperi
Atualização:

Passava do meio-dia, já fazia frio na capital jurídica da África do Sul, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, degustava algumas taças do vinho Louisvale Dominique e uma salada italiana no Blagio?s Cafe, um ponto nobre do Nelson Mandela Square, o shopping mais tradicional da cidade. Conversava com o secretário-geral da entidade, Jerolme Valcke, e outros auxiliares. Ao pagar a conta, pouco mais de US$ 200, Blatter atendeu com exclusividade a reportagem do Estado. Por alguns minutos, disse que a segurança no país-sede da Copa do Mundo de 2010 não poderia ser posta em xeque apenas por causa de furtos ocorridos em hotéis de delegações estrangeiras. "Os exemplos do que ocorreu com o Brasil (o fisioterapeuta Odir Carmo e o lateral Kléber foram furtados) e o Egito (houve o mesmo problema em cinco quartos de atletas) não são suficientes para se questionar nada. Ou você acha que crimes dessa natureza não acontecem em todos os lugares do mundo?", perguntou. Blatter admitiu que a África do Sul tem de melhorar os serviços de transporte e hospedagem, mas tentou demonstrar otimismo quanto ao sucesso do Mundial de 2010. Afirmou ter garantias do governo local de que novos investimentos nessas áreas serão feitos a tempo. Sempre bem-humorado e cercado por seguranças, o presidente da Fifa fez uma aposta para o jogo de hoje, entre Brasil e África do Sul, pela semifinal da Copa das Confederações, em Johannesburgo. "Vai dar Bafana Bafana (é assim que a seleção dirigida por Joel Santana é chamada pelos sul-africanos)." Depois, o dirigente sorriu e deu a entender que a sua opinião era outra. Antes de seguir caminho, recebeu o aceno, à distância, da garçonete Dorcas Ntuli, do Blagio?s Cafe. Ela estava feliz pela gorjeta de Blatter - quase US$20. Delegações do Brasil e do Egito reclamaram de furtos em hotéis na África do Sul. Até que ponto esses incidentes comprometem o esquema de segurança local? Os exemplos do que ocorreu com o Brasil e o Egito não são suficientes para se questionar nada. Ou você acha que crimes dessa natureza não acontecem em todos os lugares do mundo? Isso não é uma questão da África do Sul. Até jornalistas americanos reclamaram sobre isso. Mas, eu pergunto: e na Copa Ouro (em 1988, nos Estados Unidos) não ocorreu o mesmo? O que tem de haver é prevenção. Não pode um jogador, um hóspede, sair do hotel para passear e deixar dinheiro na mala e a mala aberta. Tem de levar tudo, incluindo documentos, no bolso, como eu faço, como quase todo mundo faz. Não vamos fazer alarde sobre falta de segurança no país por causa disso. Estão aqui tendo todo o cuidado nesse aspecto. Quais são as suas principais preocupações para a Copa do Mundo de 2010? Não há nada grave. Claro que há problemas com transporte e hospedagem. Eu mesmo já fiquei preso num congestionamento semana passada, antes de Brasil x Estados Unidos (em Pretória). Nada, porém, que me deixe com muita preocupação. O governo local está investindo nesses setores, vai investir mais ainda, e dá para perceber que está empenhado em solucionar essa demanda. Mas vai haver tempo? Temos um tempo bom pela frente. Um ano inteiro para trabalhar esses problemas pode ser suficiente. Eu acredito no que me foi passado pelo governo sul-africano, tenho de ter uma visão otimista. Em entrevista recente, em Pretória, o senhor disse que os EUA deveriam adaptar o calendário do país ao do futebol europeu. Diria o mesmo com relação ao Brasil? São situações diferentes. No Brasil o futebol já está organizado e não precisa haver essa mudança, no meu modo de ver. Qual a sua opinião sobre sedes fixas (uma seleção cabeça de chave jogaria as três partidas numa mesma cidade) na primeira fase do Mundial? Estamos estudando a situação, existe essa possibilidade, mas não há uma posição definida. Nesta sexta-feira (amanhã), vamos ter uma reunião aqui na África do Sul para tratar do tema. Qual o seu palpite para o jogo de amanhã (hoje)? Brasil ou África do Sul? Ora, vai dar Bafana Bafana, não tenha dúvida (ele abre um sorriso, olha para os lados). No futebol existem surpresas, mas não milagres (sorri novamente, se despede e vai embora).

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