PUBLICIDADE

Publicidade

Daiane enche gaúchos de orgulho

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando viu aquela menininha brincando em uma praça do bairro Menino Deus, em Porto Alegre, em 1995, a professora Cleusa de Paula, com seu olho clínico de quem conhece ginástica olímpica, chegou à conclusão que Daiane dos Santos, então com 12 anos, levava jeito para o esporte. E ela não errou. No domingo, dia 24, ela conquistou uma inédita medalha de ouro no solo no Mundial de Anaheim, na Califórnia, Estados Unidos, superando as poderosas concorrentes da Romênia, Estados Unidos e Espanha. "Foi uma conquista maravilhosa", vibrou seu pai, Moacir dos Santos, funcionário público estadual. "Aqui em casa, a gente acreditava que ela tivesse uma grande participação no campeonato. Agora, a medalha de ouro, sinceramente, não era esperada. Vibramos muito, é lógico, pois conhecendo a Daiane como nós conhecemos, e sabendo de sua grande dedicação aos treinos, este ouro foi mais do que merecido. É mais uma para a sua coleção. Estamos torcendo para que venham outras mais". No Grêmio Náutico União, clube de Daiane, a vibração foi geral. O técnico da ginasta, Eliseu Burtet (Kiko), que a acompanha desde o início de sua carreira, não cabia em si de alegria: "Foi um grande resultado, principalmente se considerarmos que ela ´passou por cima´ da favorita, a romena Catalina Ponor, que entrou em segundo e a espanhola Elena Gómez, em terceiro lugar". O maior mérito de Daiane, no entanto, foi a sua concentração na hora que ia executar os exercícios. Ela foi a última das oito classificadas a fazer seus exercícios, sabendo qual a pontuação que teria de alcançar para chegar ao inédito ouro: "Quando ela nos telefonou dizendo que havia ganho, a vibração aqui no clube foi geral. Uma medalha em um Mundial, principalmente quando é classificatório às Olimpíadas, é de um valor extraordinário, principalmente para o Brasil, que não tem tradição no esporte mas que, a partir de agora, passa a ser muito mais respeitado". Kiko, que confessa ter sido apenas um esforçado ginasta, atribui a conquista de Daiane a dois fatores primordiais: a sua relação peso (40 kg)/altura (1m46cm): "Isto, para uma ginasta, é fundamental, além de seu biotipo forte, sempre presente na raça negra", acrescenta. Outro fator que levou Daiane ao título, após ver sua expectativa frustrada nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, onde era uma das favoritas à conquista do ouro: "Eu sabia que ia ser difícil", disse Daiane a Kiko, por telefone. "É bom ressaltar que este título não é só meu. É de toda a ginástica brasileira", disse ela, muito emocionada. Um dos exercícios que levou Daiane a conquistar o ouro no solo, foi um twist duplo carpado, um salto inédito e desenvolvido pela ginasta e pelo seu treinador na seleção brasileira, o ucraniano Oleg Ostapenko. A acrobacia, forma a figura da ginasta sentada com o corpo ereto e as pernas estendidas, o que torna o salto muito mais difícil de ser executado: "Para se ter uma idéia da sua complexidade, o salto, numa escala de A até E, do Código de Pontuação da Federação Internacional de Ginástica (FIG), ganhou a pontuação de Super E, tal a sua dificuldade", explicou Kiko. Depois da inédita conquista, Daiane fica nos Estados Unidos até o dia 30, quando retorna ao Brasil. "Agora ela vai ficar por lá para tirar umas férias. Vai se divertir um pouco pelos parques da Disney", falou seu pai, Moacir.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.