Decepções, em vez de medalhas

Futebol e vôlei podem salvar atuação brasileira

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Os esportes coletivos podem salvar o desempenho da delegação brasileira nos Jogos de Pequim. Com participações fortes no futebol e no vôlei, são boas as chances de conquista de medalha de ouro. Assim, o Brasil melhoraria uma atuação geral que tem sido decepcionante pelo fracasso de atletas considerados favoritos antes do início da Olimpíada. O vôlei de praia e o hipismo também podem ainda ajudar nessa recuperação. Medalhas que eram apontadas como certas na ginástica, judô, iatismo, natação e atletismo não vieram, tornando difícil a superação do resultado conseguido nos Jogos de Atenas, em 2004. Na ocasião, o Brasil ganhou cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze. Até ontem, já na reta final da Olimpíada de Pequim, o saldo era bem inferior, com apenas uma medalha de ouro e cinco de bronze. E mesmo o ouro obtido foi surpreendente. O nadador César Cielo desembarcou na China como uma promessa e chegará ao Brasil como novo ídolo nacional, depois de vencer os 50 metros livres e ganhar o bronze nos 100 metros livres. Mas, até agora, as frustrações têm sido mais freqüentes do que as boas notícias. Na própria natação, Tiago Pereira aparecia como nome forte para uma medalha depois de desempenho vitorioso nos Jogos Pan-Americanos do Rio, no ano passado. Contra adversários mais fortes, o melhor resultado de Tiago foi um quarto lugar nos 200 metros nado medley. Na ginástica olímpica, Diego Hypolito era apontado como favorito absoluto, credenciado pelo seu título mundial. Essa expectativa aumentou mais depois que alcançou a maior nota de sua prova, o solo, na fase eliminatória. Na exibição final, caiu sentado, ficou em sexto e sequer chegou ao pódio. Vistas como esperanças, as ginastas Jade Barbosa e Daiane dos Santos também não ganharam medalhas. O judô nacional até teve uma atuação consistente com três medalhas de bronze. Mas não dá para comemorar esse resultado sabendo que os melhores atletas foram mal. Nenhum dos três campeões mundiais ganhou ouro. João Derly e Luciano Corrêa nem medalha trouxeram. Tiago Camilo, pelo menos, chegou ao terceiro lugar na sua categoria. Curiosamente, o futebol - provavelmente a modalidade mais dissociada do chamado espírito olímpico - pode ajudar a mudar essa situação. O Brasil jamais conquistou a medalha de ouro no futebol masculino e no feminino. Em Pequim, o time feminino já se classificou para a final contra os Estados Unidos, garantindo pelo menos a repetição de Atenas, quando conseguiu a medalha de prata. A situação da seleção masculina é mais complicada. Para chegar à final, precisará bater hoje na semifinal a forte equipe da Argentina, atual campeã olímpica. Além de assegurar pelo menos a medalha de prata, uma vitória sobre seu maior rival no futebol servirá para diminuir a sensação de frustração pela atuação dos outros esportes. O vôlei também pode produzir esse efeito, por conta de sua enorme popularidade. Ganhar uma medalha de ouro no masculino produzirá grande impacto positivo depois da inesperada derrota na Liga Mundial. Mesmo jogando no Rio na fase final da competição, a seleção terminou em quarto lugar e levantou dúvidas sobre sua eficiência. Ganhando em Pequim, acabam com a crise da modalidade e recuperam o Brasil no saldo olímpico geral.

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