19 de novembro de 2010 | 00h00
A maturidade curtida com alegria fica ainda mais bonita no futebol. Repare como tem jogador por aí que já dobrou a curva dos 30, rodou mundo, faturou uma grana alta, mas continua a empolgar-se a com a arte de correr atrás da bola. Derruba preconceitos, acrescenta toques de sabedoria a um dom natural - e quem ganha são os torcedores.
Um desses balzaquianos que está com tudo é Marcos Assunção. Os 34 anos que completou em julho parecem não pesar-lhe nas pernas. O rapaz dosa o esforço físico, corre o suficiente, coloca-se bem e sobretudo tem uma bomba, um pontaria de lascar! Impressionante a precisão de seus arremates! Sem o rigor científico das estatísticas, atrevo-me a afirmar que nove em dez chutes que dá chegam ao gol, fora os lançamentos precisos, que no mínimo provocam confusão na área do adversário.
Marcos Assunção transformou-se na principal opção do Palmeiras, é seu melhor jogador na Copa Sul-Americana e caiu nas graças da torcida. Fica a impressão de que, quando a situação aperta, a ordem é passar a bola para ele, que se encarrega de dar-lhe direção adequada. Essa é a tática: bola pro Assunção, que vai no velho estilo deixa-que-eu-chuto. E seja o que Deus e San Gennaro quiserem.
Nem Marcos, nem Valdivia, nem Kléber. O nome que os palestrinos hoje gritam com entusiasmo é o desse vovô que já desfilou categoria por Santos, Flamengo, Roma, Bétis e foi resgatado da Arábia pelo Grêmio Prudente no começo do ano. Sua chegada no Parque Antártica, depois do Campeonato Paulista, foi discreta e ele dava a impressão de que seria mais um no elenco. Um torpedo aqui, um míssil ali, gols decisivos a todo momento e Assunção vira imprescindível para Felipão & Cia. bella.
O Palmeiras está a três jogos de conquista inédita. Se ela vier, ajudará a diminuir o prejuízo de uma década perdida e projeta 2011 mais animador, com a participação na Taça Libertadores. Na hora de eventual volta olímpica, podem os companheiros levar Assunção nos ombros, porque até agora é ele quem tem carregado o time nas costas.
Enigmas. Admiro Ronaldinho Gaúcho, me encantei com o futebol do Robinho dos primeiros tempos de Santos. Já escrevi inúmeras crônicas empolgadas a respeito de ambos e aguardei com relativa ansiedade o reencontro da dupla na seleção, ao fim de ano e tanto de separação. Mas, depois do amistoso de anteontem com a Argentina, prefiro "arrecuar os arfos", como se dizia na várzea - ou puxar o freio de mão, pra ser mais atual -, a respeito da importância deles na proposta de trabalho de Mano Menezes.
Ronaldinho jogou o trivial contra os hermanos. Alguns toques refinados (e categoria brota em cada passada em campo), uma ou outra jogada de efeito, um par de chutes a gol e nada além disso. Pouco para quem já foi o melhor do mundo. De Ronaldinho não se deve esperar o comum, mas é isso que tem mostrado já faz algum tempo. Mano disse que gostou do desempenho e deve oferecer-lhe mais oportunidades. Talvez pra ver até onde pode contar com o astro que não abandona o tom blasé.
Robinho é um mistério. Desde os tempos de Parreira tem lugar cativo nas convocações e raramente justifica a predileção. Corre pra cá e pra lá e produz pouco. Está longe (assim como Ronaldinho) de cumprir uma das funções do maestro, que é a de empolgar, incentivar o time. Posso quebrar a cara, e torço para que isso aconteça. Mas, se continuarem nessa toada, nenhum dos dois emplaca 2014.
Novidade? O bravo Jamil Chade conta, nesta edição, que os custos dos estádios para a Copa no Brasil já disparam. Alguma surpresa?
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