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Denúncia de farsa, a vingança dos Piquet

Publicações europeias trazem os bastidores do escândalo na Renault

Por Livio Oricchio e MONZA
Atualização:

O GP da Itália será quente, dentro e fora da pista. Nos velozes 5.793 metros de Monza, Jenson Button e Rubens Barrichello, da Brawn GP, junto de Sebastian Vettel e Mark Webber, da Red Bull, vão continuar lutando pelo título. Mas na área do paddock, atrás dos boxes, a temperatura já esquentou desde ontem: as duas mais importantes revistas de automobilismo, Autosport, inglesa, e Autosprint, italiana, publicaram na edição desta semana detalhes do que teria sido a farsa de Flavio Briatore, diretor da Renault, no GP de Cingapura do ano passado.A Autosport conseguiu informações importantes, já disponíveis para os comissários da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) que investigam o caso e segunda-feira irão julgá-lo, em Paris. Diz, por exemplo, que foi Nelson Piquet, pai, quem procurou Max Mosley, presidente da FIA, para denunciar a farsa, logo depois de Briatore ter dispensado o filho, assim que foi disputado o GP da Hungria, em 26 de julho. A reportagem explica que no domingo, antes da largada em Cingapura, Briatore e seu diretor de engenharia e estrategista, Pat Symonds, se reuniram com Nelsinho. Solicitaram ao piloto que batesse, deliberadamente, entre as voltas 13 e 14, na curva 17, por não haver ali guindaste, o que provocaria, necessariamente, a entrada do safety car na pista. Seu companheiro Fernando Alonso faria pit stop pouco antes e seria beneficiado com a manobra. Tudo funcionou à perfeição e o espanhol venceu.A Autosprint alega ter obtido dados da telemetria do carro de Nelsinho. O piloto ao iniciar a curva 17 compreende que as rodas começam a girar em falso e, ao contrário do que faz nas voltas anteriores, acelera ainda mais para provocar a perda de controle. Foram esses dados, combinados, que levaram Mosley a convocar reunião extraordinária do Conselho Mundial, para a segunda-feira. É a oportunidade para o dirigente, também, atingir um velho desafeto, Briatore, um dos líderes da Fota que exigiram de Bernie Ecclestone, promotor do Mundial, a saída de Mosley da FIA se desejasse continuar conduzindo a Fórmula 1.A pergunta que está no ar é: por que Nelsinho teria concordado em atender a Briatore e Symonds? Simples: o diretor da Renault lhe garantiria a renovação do contrato para este ano. Como aconteceu. Mas ele nem terminou a temporada. O italiano o substituiu pelo francês Romain Grosjean a partir da etapa de Valência, dia 23. Daí a iniciativa da família Piquet. A exemplo de Alonso em 2007, quando denunciou sua própria equipe, a McLaren, no escândalo de espionagem contra a Ferrari, é provável que Nelsinho não seja punido pela FIA. Piloto e entidade fizeram um acordo: eu conto tudo e você não me pune. Mas, se tudo for comprovado, como os indícios sugerem, Briatore, Symonds e até a equipe francesa sofrerão sanções pesadas.

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