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Desmanche à vista

Por Daniel Piza e daniel.piza@grupoestado.com.br
Atualização:

As duas primeiras rodadas do Brasileirão não permitem quase nenhuma conclusão, até porque muitos times grandes ainda as jogaram com reservas ou mistos. Ouvimos bastante essa observação nos últimos dias, mas o curioso é que logo em seguida aparecem elas, as conclusões... Dizem, por exemplo, que os estaduais não servem de parâmetro. Pode ser (e daí?), mas ao que me consta o Internacional foi campeão gaúcho e é o líder do Brasileirão. Por sinal, contra o Palmeiras o time mesclado vencia por 1 a 0, sofria alguma pressão e Tite colocou Nilmar e D?Alessandro; a partir dali, o Palmeiras sumiu em campo. Dizem também que times como Corinthians e São Paulo eram favoritos e por enquanto não se deram bem, o que mostraria a falta de "lógica" do campeonato. Mas o Corinthians jogou a primeira partida com reservas e a segunda fora de casa. É certo que tem mostrado seus problemas mais que nunca, como a falta de outro atacante com faro de gol além de Ronaldo. E o São Paulo tem tido problemas onde sempre teve, na criação, com má fase de Hernanes, e onde nunca teve, na defesa, a começar pela ausência de Rogério Ceni. Não faz sentido? Eu disse "quase nenhuma conclusão" porque me parece claro que as duas rodadas confirmaram que há escassez de meias como D?Alessandro, que sabem cadenciar e iniciar jogadas, e de bancos de reserva. Se felizmente melhorou a oferta de atacantes, e um deles pode vir a ser o melhor do campeonato, há outros problemas que persistem no futebol brasileiro. E o mais manjado deles, o desmanche de meio de ano, é um espectro que já assombra de novo. Pense no Corinthians, que não pode reclamar de falta de investimentos e da venda de ingressos neste início de temporada. Chicão e Elias, nada menos que o vice-artilheiro do time e o melhor jogador do Paulistão (salvo Ronaldo, decisivo nos momentos decisivos), já estariam prestes a sair. No São Paulo não é diferente: Miranda e Hernanes até já ficaram mais tempo do que vinha sendo a praxe. E assim por diante, até agosto, quando a janela europeia se fecha - momento em que as previsões sobre o Brasileirão podem ficar um pouco mais consistentes. Será o caso de começá-lo em agosto? Sinceramente, não sei. Pode ser que o êxodo apenas mude de data. O que sei é que não há maneira de um time não ser afetado por mudanças como as que citei. Se vender os dois ou três melhores jogadores da equipe é inevitável, dada a diferença de poder de compra mesmo com a recessão mundial, o único modo de atenuar o problema é contratando rápido e bem. O São Paulo tem mais know-how na área, mas comete erros (lembre Carlos Alberto). O Corinthians parece mais concentrado em trazer jogadores como Zé Roberto e Edu - dois excelentes nomes - para ir à Libertadores em 2010, mas se demorar muito pode ver a situação complicar. Idem para Botafogo sem Maicossuel, Flamengo sem Leo Moura, Santos sem Kléber Pereira, Cruzeiro sem Ramires, Inter sem Nilmar... para citar outros dos mais cotados no mercado de exportação. Substituí-los não é impossível, mas está longe de ser fácil. MAU JUÍZO Outro problema que continua no Brasileirão é a arbitragem. Reciclar juízes e harmonizar critérios seriam gestos importantes. Mas se abrir a mudanças seria fundamental. Auxiliares de linhas de fundo ajudariam muito a ver pênaltis, como nos empurrões em escanteio, e a tecnologia poderia tirar dúvidas em casos menos subjetivos (ou que possam ser revistos a tempo), como se a bola cruzou a linha ou não. O corporativismo é o maior impedimento.

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