12 de abril de 2013 | 02h02
Maior ídolo da história do Santos pós-Pelé, o atacante mantém os pés no chão e espera que as coisas corram naturalmente, mas vê com bons olhos uma vida nova no Velho Continente, em breve. O que não admite, de jeito nenhum, no entanto, é perder a ótima relação com o torcedor alvinegro, como ocorreu, por exemplo, com Robinho em 2005, quando pressionou a diretoria para aceitar proposta do Real Madrid.
Neymar anda descontente com alguns aspectos do futebol brasileiro que freiam sua carreira. No ano passado, desfalcou o clube paulista em boa parte das rodadas do Brasileirão, por causa de amistosos sem relevância da seleção, e a equipe teve aproveitamento fraco. O resultado foi a ausência na atual edição da Libertadores e um prejuízo imensurável. Em 2011, o Santos foi campeão continental e, em 2012, semifinalista.
O garoto teve, nas últimas temporadas, enorme exposição dentro de campo e a oportunidade de disputar grandes jogos, encarar bons desafios. Em 2013, está cabisbaixo, irritado, impaciente. O motivo: chegamos à metade de abril e nada aconteceu. Que partida do time teve real importância, causou repercussão e foi destaque nos programas de TV? Nenhuma.
Com exceção dos clássicos desinteressantes da primeira fase do Paulistão, o Santos só enfrentou equipes do interior (cada vez mais fracas), e anteontem estreou na Copa do Brasil contra o modesto Flamengo do Piauí - Neymar, aliás, deu dois bons passes para gols. Ter ficado fora da Libertadores foi duro golpe para o clube e o craque.
Anteontem, Grêmio e Flu travaram batalha pela competição continental e o Corinthians entrou em campo pelo primeiro lugar de seu grupo. Ontem, o torcedor lotou o Pacaembu para empurrar o Palmeiras diante do Libertad. E Neymar estava longe dos holofotes. Em 2013, tem aparecido mais na mídia pelo namoro com Bruna Marquezine do que pelo futebol - não por falta de talento ou gols, mas pela inexpressividade dos jogos.
Dar espetáculo contra clubes menores tornou-se obrigação para Neymar. Pelo menos na cabeça do torcedor. "Apenas" boa atuação não é mais suficiente para satisfazer o público. Recentemente, no Paulistão, chegou a receber vaias. Fato raro em sua carreira. Não gostou, claro. Ultimamente, também, não tem tido a mesma paciência com a imprensa.
O repórter Nivaldo de Cillo, da Band, lhe perguntou se não estava bem, depois do empate com o Flamengo-PI. A oportuna indagação não agradou ao craque. "Estou melhor do que você. Por que a pergunta?" O futebol precisa de um Neymar mais alegre, mais feliz, como sempre foi. Seja aqui ou na Europa.
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