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Dez anos - e quanta mudança!

Boleiros

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Por Ugo Giorgetti
Atualização:

Muitos ainda estão por aqui, jogando a sua bola. Sem pensar muito me lembro de Júnior, Vampeta, Galeano, Rogério Ceni e Gleguer. Dois, Leandro Amaral e Dodô, estão no Fluminense. Outros continuam se apresentando no exterior: Alex na Turquia, Cris acho que na França, Serginho continua no Milan, Denilson e Silvinho sabe Deus onde estão. Ou muito me engano ou a dupla de ataque do Santos daquela época, Muller e Caio, ainda se apresenta junta, só que agora comentando os jogos para a televisão. As mudanças menos sensíveis foram nos bancos: os eternos e indestrutíveis Leão e Vanderlei Luxemburgo eram os treinadores de Santos e Corinthians, respectivamente. Como se vê, a crueldade do tempo é reservada para os boleiros. O Campeonato Paulista de 1998, exatamente dez anos atrás, começou num 17 de janeiro, e o Ituano derrotou a Portuguesa por 3 a 1. A Lusa, porém, era uma boa equipe com uma bela dupla de zaga formada por Emerson e César e um ataque onde, além de Leandro Amaral, ainda jogava o grande Evair. Depois de primeira fase classificatória, entraram os demais grandes. O primeiro jogo dessa fase foi Palmeiras x Guarani, com empate de dois gols. No Palmeiras jogavam, entre outros, Velloso, Arce, Roque Júnior, Cléber, Júnior, Rogério, Alex, Zinho e Paulo Nunes. O treinador era Luiz Felipe Scolari. Nessa fase os times se empenhavam em se classificar para o quadrangular final, uma forma esdrúxula para tentar multiplicar jogos considerados importantes e assim obter mais público. Como resultado, os chamados grandes clubes se enfrentaram várias vezes em 1998, pelo menos mais do que o bom senso indicava. Depois desse Palmeiras 2 x Guarani 2, os demais grandes também começaram a mostrar a que vieram. O Corinthians trazia em sua equipe os citados Cris, Silvinho e Vampeta, mais Gamarra, Marcelinho Carioca, Rincón e Souza. Pelo Santos, entravam Zetti, Marcos Assumpção, Ronaldão,Narciso, e os mencionados Caio e Muller. E finalmente o São Paulo, como sempre muito forte, apresentava Rogério Ceni, Márcio Santos, Serginho, Sidney, Dodô e Denílson. O segundo jogo dessa fase foi São Paulo 3 x Santos 2. Não houve naquele ano, entretanto, nenhum supertime, uma equipe de destaque incontestável, como a do Palmeiras de dois anos antes, quando terminou o campeonato quase trinta pontos na frente do segundo colocado. Em 1998, havia ainda grandes jogadores em todos os times. Aposto que a simples menção de alguns que citei fez muito torcedor ficar com saudade. E jogando com esses grandes jogadores havia uma legião de figurantes, aqueles que são apenas um nome numa escalação, aqueles que completam os times modestamente - e modestamente desaparecem com rapidez. Mas na hora dos jogos eles eram importantes. Muitas vezes saíram dessa multidão de esquecidos as jogadas que decidiram os grandes jogos. O campeonato que começou no mesmo janeiro de dez anos atrás teve, contudo, um lance histórico. Oséas, inesquecível centroavante do Palmeiras, tentando defender um escanteio, para estupor de seu goleiro Velloso, de maneira inesperada, elegante e convicta, cabeceou contra seu próprio gol, abrindo a contagem para o Corinthians. Sua sorte foi que o jogo terminou empatado. O São Paulo foi o campeão. O técnico era Nelsinho Batista.

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