DIÁRIO DA SELEÇÃO: Mestre de cerimônia manda na festa

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Por Luiz Antônio Prósperi
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"A Copa começou, né?", disse Parreira, ontem, minutos antes de o treino da seleção começar na Granja Comary. Referia-se à fase de mata-mata, que tem seu primeiro jogo amanhã no Mineirão. "Agora tem a hierarquia, o peso da camisa, essas coisas", emendou o coordenador. Parreira tem razão. Não há mais espaço para os aventureiros. A hora é de quem tem história.

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Seria então fácil deduzir que a hora é do Brasil, único cinco estrelas no Mundial. Ao Chile, adversário em Minas, caberia o papel de coadjuvante. Desses que entram na Copa sem pressão e se destacam provocando tragédias alheias como a que obrigou a viver a Espanha. Depois desse feito extraordinário, os chilenos deitaram prosa pedindo passagem.

Felipão havia alertado a respeito do perigo que é enfrentar o Chile, uma seleção chata de se jogar seja em qual campo for. Um adversário tinhoso e de velocidade espantosa, com Vargas e Alexis Sánchez a descer ao ataque.

Desde que se consumou que o Brasil teria o Chile pela frente, Felipão passou a rascunhar como a seleção brasileira deveria se comportar. Nos seus desenhos, trocou Paulinho por Fernandinho. Imaginou um time de mais troca de passes e velocidade na saída para o ataque. Se perdia em estatura com a saída de Paulinho, ganhava em condução da bola e chutes longos com Fernandinho.

No rascunho, tudo certo. Era apenas um ajuste no jeito de a seleção jogar. O resto da estrutura não seria maculado. Tudo certo até o treino de ontem. Felipão efetivou a troca - Fernandinho no lugar de Paulinho - e foi ver se seus rabiscos no papel se confirmariam. Não se animou. Os titulares se omitiram. David Luiz sentiu o peso nas costas e os testes com Maicon e Ramires não empolgaram. O ensaio para o jogo acabou sem que a maioria tivesse decorado suas falas para o espetáculo.

A omissão dos titulares e as substituições frustradas na seleção remetem ao que havia dito Parreira pouco antes do início do treinamento na Granja. "A Copa começou, né?" Como ninguém quer perder o melhor da festa, os jogadores preferiram guardar suas energias para gastar diante do Chile. Eles, mais do que ninguém, sabem que quem perder volta para casa. No caso deles, da brasileira, nem vão sair de casa. Anfitriões que são, serão obrigados a ficar até os visitantes irem embora, para limpar o salão. Então, é melhor ficar como mestres de cerimônia do que apenas serviçais da limpeza.

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