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Dois mil e 9

Por Daniel Piza
Atualização:

Para terminar o ano com uma boa notícia, a temporada encerrou definitivamente o futebol dos "nove atrás da linha da bola", com três volantes e apenas um atacante. Nos times mais bem-sucedidos do momento o que se vê são dois ou três atacantes, que ficam na linha do meio-campo quando o adversário avança e que recebem companhia de meias e alas quando é sua vez de avançar. O Manchester United, campeão mundial no último domingo, joga com Cristiano Ronaldo (31 gols na Liga Inglesa), Tevez e Rooney, este como referência na área (e autor, ali, do gol da vitória sobre a LDU). O Barcelona está dando show com dois centroavantes, Henry e Eto?o, mais um Messi cada vez mais goleador. Mesmo o ainda irregular Milan, que sofre com falta de renovação na defesa, goleou o Udinese no sábado com dois gols de Kaká e dois de Pato. Bastou Kaká reclamar de estar muito recuado por causa de Ronaldinho, que o técnico inverteu as posições e o resultado já apareceu. Ronaldinho é um meia que chega para finalizar, assim como Seedorf; Kaká é segundo atacante, fazendo valer sua velocidade, sua incisividade. Pato está adquirindo confiança e maturidade; no primeiro gol de Kaká, mostrou frieza na hora de rolar de pé trocado a bola na pequena área para o companheiro. O líder italiano, a Inter de Milão, não é diferente. Tem tantos atacantes matadores, a começar por Ibrahimovic, em fase formidável, além de Crespo e Julio Cruz, que praticamente já dispensou Adriano. O Lyon tem Benzema, outro em fase brilhante. Etc., etc. No Brasil essa realidade começa a voltar também. O São Paulo, que sofreu muito enquanto Borges esteve machucado, já contratou Washington, pois, como disse Muricy, é sempre melhor ter goleadores no elenco. O Corinthians fechou com Ronaldo, que mesmo sem o arranque de outrora sabe resolver situações em espaços curtos ou longos, e parece consciente de que precisa ter outro centroavante para não ficar dependente do craque e suas lesões. O Palmeiras perdeu Alex Mineiro para o Grêmio, mas trouxe Keirrisson, revelação e um dos três artilheiros do ano, mais jovem e eficaz. O Santos aparentemente preservou seu melhor jogador, Kléber Pereira. Não há dúvida, portanto, de que pelo menos o Campeonato Paulista que começará em janeiro terá uma forte disputa pela artilharia. Além disso, Fred, do Lyon, e o próprio Adriano querem voltar ao Brasil, onde teriam mais chance de serem titulares. Se os clubes dos outros estados forem espertos, já devem estar atrás deles. Afora a presença de bons atacantes - jogadores completos, mas que sabem antes de mais nada finalizar com categoria -, as equipes de ponta no futebol atual têm um sistema tático apurado: sabem jogar com e sem a bola e fazer com rapidez e competência a transição de defesa para ataque, graças ao meio-campo versátil. Para isso, volantes que se transformam em meias na hora de apoiar, com visão de jogo, bom passe e bom chute - como Xavi, do Barça e da Espanha campeã da Eurocopa, Pirlo, do Milan, Juninho, do Lyon, ou Hernanes, do tricampeão brasileiro São Paulo -, são fundamentais, como um dia foram Gérson ou Falcão, desde que protegidos por um volante mais de marcação. Mas isso não adianta muito se não houver, de preferência, dois homens com fino faro de gol à frente. Tomara que 2009 seja mesmo o ano dos 9. INTÉ Esta coluna se ausenta por duas semanas. Bom descanso.

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