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Doping de Montgomery já era cogitado por brasileiros

Atletas do revezamento 4 x 100, que devem herdar ouro, imaginavam irregularidade dos EUA em Sydney

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Por Rafael Vergueiro
Atualização:

A declaração do ex-atleta norte-americano Tim Montgomery, que confessou ter competido dopado nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, não pegou de surpresa os atletas brasileiros do revezamento 4 x 100 metros rasos. Claudinei Quirino, André Domingos, Vicente Lenílson e Edson Luciano, que foram prata na ocasião e agora devem herdar a medalha de ouro conquistada pelos Estados Unidos, já cogitavam a possibilidade de algum adversário ter participado da competição de forma irregular. Veja também: Montgomery confessa doping, e Brasil pode herdar ouro  Ouça o comentário dos atletas brasileiros sobe o caso de doping "Sabia que existia esta possibilidade, mas agora que ele deu esta declaração fica claro que o meu pensamento era correto", disse Lenílson. Já Domingos lembrou que o histórico de Montgomery mostra que ele foi um atleta cheio de problemas. Por uso de doping, ele teve todos os seus recordes anulados. Além disso, se envolveu em um esquema de fraude bancária e foi preso por tráfico de heroína. "O Tim Montgomery tem um histórico de doping, foi pego várias vezes e é casado com Marion Jones, que também foi flagrada em diversas oportunidades. Ele é envolvido em falsificação de cheques, fraudes, e vários outros crimes, o currículo dele não é brincadeira não", protestou. Ele deixou claro que os brasileiros já suspeitavam que havia algo errado com o adversário. "A gente tinha a suspeita, mas até que se torne claro não dá para falar nada, não podemos acusar até que existam as provas", assinalou. Claudinei Quirino, por sua vez, afirmou que sempre cogitava esta possibilidade quando via notícias dos outros casos de doping de Montgomery. "Isso começa a passar pela sua cabeça, afinal, se ele estava usando em outros casos, porque não em 2000 também", declarou. FELICIDADE E REVOLTA Ao ficarem sabendo da confissão de Tim Montgomery, os atletas brasileiros, por enquanto medalhistas de prata em Sydney, se mostraram contentes com a possibilidade de garantirem para o Brasil o único ouro daquela Olimpíada. No entanto, não puderam esconder a frustração por não terem subido no lugar mais alto do pódio há oito anos. "A sensação é de felicidade, mas ao mesmo tempo de revolta. Afinal, se o Montgomery não tivesse a ousadia de ele mesmo confirmar que usou doping, seríamos prata para o resto da vida. Quantas vezes será que o Brasil não merecia ser ouro e não chegou porque outro atleta usou doping?", questionou Vicente Lenílson. O brasileiro deixou claro que a felicidade agora não pode mais ser completa. "Espero que a medalha possa chegar até mim, mas este momento é de revolta. Poderíamos ter tido um futuro melhor", assinalou. Já Domingos lamentou não ter vivido um momento de glória maior em Sydney. "Fiquei meio frustrado, afinal sei que a emoção não será mais a mesma. Quer coisa mais linda do que ouvir hino nacional dentro do estádio olímpico? Agora a gente vai simplesmente herdar, vão só nos entregar, não vai ser dentro de um estádio, não vai ter pódio, o sentimento é frio". Para Quirino, ficará para sempre a frustração de não ter alcançado a glória máxima naquela ocasião. "No momento é que é gostoso, e seria a única medalha de ouro do Brasil em Sydney. Nossa vida poderia ter mudado, até financeiramente, com mais dinheiro de patrocínio e uma imagem mais forte", lamentou.

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