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É de quem pegar

Por Marcos Caetano
Atualização:

Vai ser muito interessante ver a Itália tendo de atacar o Brasil, que jogará contra os rivais usando as armas que aprendeu a usar bem na gestão Dunga: contra-ataques e cruzamentos na área. Ao longo da história, ocorreu justamente o oposto. O Brasil ataca, ataca e a Itália tenta resolver com contragolpes e chuveirinhos. Com a obrigação de vencer o jogo deste domingo, os campeões do mundo terão de sair de seu estilo por necessidade - para enfrentar um adversário que saiu do seu estilo por opção. Isso é ou não é um jogo taticamente interessante? Como prévia do Mundial que pretende ser, a Copa das Confederações vem servindo para escancarar o nivelamento por baixo do futebol de seleções. Países que antes seriam meros sacos de pancada vêm dando muito trabalho para as seleções de ponta. Na estreia, o Brasil teve enorme dificuldade diante do Egito, que jogou como nunca e perdeu como sempre. Um pênalti bem marcado, mas marcado do jeito errado, esfriou o sonho da Cinderela africana. Mas, mal sabia ela que os faraós estavam prestes a intervir. No jogo seguinte, a vitória diante dos campeões de 2006 pagou com juros a frustração egípcia. Agora, se der a lógica, eles - e não os italianos - avançam. No outro grupo, a Espanha suou como um autêntico matador para abater um touro miúra chamado Iraque. O mesmo Iraque que parecia ser um manso bezerro, disposto apenas a pastar pelos gramados sul-africanos, ganhar experiência e ir embora depressa. Se a África do Sul, dona da casa, não arrancar ao menos um empate da Espanha, os iraquianos, que provavelmente passarão pela frágil Nova Zelândia, poderão ser os adversários do Brasil. E acreditem: o jogo poderá ser complicado, já que a nossa seleção costuma jogar melhor diante de adversários menos retrancados. O que se vê na África, se vê também por aqui. O Brasileiro está igualmente equilibrado por baixo. O Inter, tão badalado no início da temporada, suou para eliminar Flamengo e Coritiba na Copa do Brasil - e largou atrás do Corinthians na decisão. O Corinthians, aliás, ainda não despertou no Brasileirão, liderado pelo Atlético-MG, equipe na qual poucos apostavam há algumas semanas. Outros possíveis candidatos também tiveram um começo lamentável. O São Paulo parece ter perdido sua alma em algum lugar do ano passado, o Palmeiras permanece irregular, o Fluminense não marca gols e o Flamengo dá vexame, enquanto Santos e Botafogo alternam boas e péssimas atuações. Cruzeiro e Grêmio completam a lista das equipes com chances, ainda que o foco na Libertadores possa complicar suas ambições. Tudo isso quer dizer que qualquer uma - disse qualquer uma - dessas equipes pode conquistar o campeonato. O título é de quem pegar. Basta um mínimo de padrão de jogo e a capacidade de colecionar pontos fora de casa para reivindicar o caneco. E o mesmo pode se dizer da Copa do Mundo do ano que vem, que também é de quem pegar. Pode dar Brasil, tranquilamente. Pode dar Itália. Ou Espanha. Ou Holanda, Inglaterra. Pode dar Argentina, se os hermanos se unirem após uma agônica classificação, talvez diante de uma seleção da Concacaf, em um dramático jogo de repescagem. Não seria a primeira nem a última vez que veríamos a consagração de um campeão desacreditado antes da estreia. Os mais otimistas poderão encarar esse contexto como garantia de emoção. Os mais pessimistas poderão tremer de raiva diante de jogos horrorosos que estão por vir. Eu, que sou um eterno otimista, achei Brasil x Egito um jogão. E creio que teremos um bom Brasileirão e um ótimo Mundial. A conferir.

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