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Edinanci, a rainha do judô

Ela é primeira brasileira a conquistar o bicampeonato na modalidade. Ontem, deu show do começo ao fim

Por Valeria Zukeran
Atualização:

O judô brasileiro tem seu primeiro atleta bicampeão pan-americano. É a judoca do meio-pesado Edinanci Silva, que arrasou a cubana Yurisel Laborde, vencendo a final por ippon e fazendo explodir as arquibancadas do Riocentro. Mas não foi o único ouro do judô nacional. O médio Tiago Camilo teve um dia mágico e venceu o cubano Jorge Benavides, também por ippon. Os outros judocas brasileiros que entraram ontem no tatame não saíram de mãos vazias. A médio Mayra Aguiar, 15 anos, faturou uma honrosa medalha de prata. O dia foi completado pelo bronze do meio-pesado Luciano Corrêa. Com os resultados - somados à prata de João Gabriel Schlinter e ao bronze de Priscila Marques, conquistados na quinta-feira -, todos os judocas brasileiros que lutaram nos dois primeiros dias do Pan ganharam medalhas. Edinanci lutou a seu modo. Entrou no dojô vestindo roupão com capuz sobre os olhos para não perder a concentração. O recurso funcionou. Na primeira luta, derrotou por ippon a guatemalteca Miria Norberto em 9 segundos. Na segunda, a argentina Lorena Briceno caiu em 26. A única atleta que exigiu mais da brasileira foi Yurisel, que demorou 4min46 para sucumbir. Na entrevista coletiva, depois da premiação, a judoca cubana estava tão arrasada que mal conseguia falar. Edinanci revelou que já havia perdido para a rival nas últimas três lutas e dedicou o título às vítimas do vôo JJ 3504 da TAM. "Nós, atletas, vivemos praticamente dentro de um avião e as nossas famílias acabam se colocando no lugar dessas pessoas (que perderam seus parentes)", explicou a judoca. "Transformei minha tristeza em motivação. Acho que isso não é nada e talvez não sirva para consolá-los porque a dor é muito grande. Mas fico feliz de ter feito essa homenagem", disse a atleta, com a voz embargada pelo choro. Outra homenagem feita por Edinanci foi ao povo do Nordeste. "Toda a competição na qual ganho ouro, prata ou bronze, faço questão de lembrar sempre de onde vim e que tenho muito orgulho de ser paraibana e nordestina." A judoca espera comemorar da forma mais tradicional possível. "Quero ir para casa e dançar um forrozinho."

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