23 de outubro de 2010 | 00h00
Nessa briga de opiniões, os brasileiros, principalmente os torcedores do Santos, se sentem à vontade para destacar que o futebol de Pelé foi inigualável. Isto porque o eterno camisa 10 conseguiu realizar todos os fundamentos sempre muito bem feitos.
Sabia driblar curto, carregar a bola (sem olhar para ela) em uma velocidade quase sempre superior à de seus marcadores. Tocava a bola e finalizava a gol com a mesma precisão e potência com ambas as pernas. Tinha total controle sobre ela e seu passe, na maioria das vezes, deixava seus companheiros na cara do goleiro adversário. Como herança de seu pai, Dondinho, sabia cabecear de olhos abertos, para procurar o local mais longe do alcance dos goleiros. Tinha técnica para cobrar faltas e até se apresentava com totais condições para atuar no gol. Enfim, Pelé conseguiu reunir a habilidade para realizar todas as características que cada um dos gênios citados anteriormente conseguia fazer.
Este dom lhe proporcionou atingir marcas que se transformam a cada dia cada vez mais intransponíveis. Pelé não foi o único a atingir a marca de 500 gols. Chegou aos 1.281. O detalhe é que tal feito foi atingido aos 21 anos e dez meses, enquanto Romário só foi alcançar aos 31 anos e Bebeto, aos 35.
E mais. Em 1958, temporada em que completou 18 anos, apenas a sua segunda pelo time do Santos, Pelé anotou 58 gols só no Campeonato Paulista. Três anos depois, chegou à marca impressionante de 111 gols, com média de 1,48 gols/jogo.
Em 21 anos de carreira (1956 a 1977), Pelé somou 59 conquistas. Foram dez Campeonatos Paulistas, seis torneios nacionais (Taça Brasil ou Roberto Gomes Pedrosa). Campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 1962/1963, o Santos só não venceu mais estas duas competições, porque não era dada muita atenção para estes torneios. A diretoria santista da época preferia levar a equipe para excursões no exterior, onde muito dinheiro era pago a cada apresentação de Pelé e Cia.
Além do talento e das conquistas, Pelé sempre soube valorizar suas aparições e cuidar de sua imagem. Sempre simpático, jamais se negou a dar um autógrafo para um fã ou responder a uma pergunta de um repórter. Vinculou seu nome a centenas de produtos, mas jamais se vendeu a bebidas alcoólicas ou cigarros.
Tal postura, sempre sorrindo, fez com que todos os presidentes dos Estados Unidos se encontrassem com o Rei de um esporte não muito apaixonado pelos norte-americanos. Os papas Paulo VI e João Paulo II o receberam no Vaticano. A rainha Elizabeth II chegou a quebrar o protocolo e fazer um pedido para que o maior craque de todos fosse atuar pelo seu time do coração, o Liverpool.
Por isso, pode-se discutir os melhores em cada fundamento do futebol, mas não há discussão quanto àquele que soube ser o melhor juntando-se todos eles.
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