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Embaixada pede calma a paralímpicos em Quito: 'Governo tenta repatriar 6 mil brasileiros'

Estado teve acesso a mensagem enviada pelo ministro-conselheiro Pedro Cunha e Menezes à delegação brasileira isolada no Equador

Por João Prata
Atualização:

A delegação paralímpica de natação da equipe de Indaiatuba continua à espera de uma resposta do Itamaraty para conseguir retornar ao Brasil. O Estado teve acesso a mensagem que a Embaixada do Brasil em Quito enviou para os nove atletas e o treinador que estão tentando retornar há 13 dias. O texto pede calma e informa que há cerca de seis mil brasileiros em situação semelhante. 

"A evacuação poderá acontecer por meio de aeronaves comerciais ou da Força Aérea Brasileira. Estamos em contato várias vezes por dia com Brasília, de modo a viabilizar os voos com a urgência que a situação requer", escreveu Pedro Cunha e Menezes Ministro-Conselheiro Embaixada do Brasil em Quito.

Cecília Araújo é uma das nove atletas que está isolada em Quito. Foto: Alexandre Schneider/EXEMPLUS/CPB

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A história foi revelada pelo Estado na última terça-feira, quando o governo brasileiro autorizou a Força Aérea Brasileira buscar a delegação. De lá para cá, os atletas não receberam mais boas notícias. "Nosso retorno está nas mãos do Itamaraty e do ministério da Defesa. Porque tem outros países com brasileiros e eles estão planejando as prioridades. Dependemos deles", informou por telefone a nadadora Cecília Araújo, campeã mundial paralímpica e medalha de ouro no Parapan de Lima na classe de paralisados cerebrais. 

Procurado pelo Estado, o ministério da Defesa informou que ainda não tem data confirmada para a volta dos atletas.  "A Operação para repatriar brasileiros que estão no Equador está em fase de planejamento sendo avaliadas as possíveis opções, incluindo a possibilidade de emprego de aeronaves da FAB", comunicou por meio de nota.

A Embaixada em Quito disse que o esforço envolve diversas entidades. "No Brasil, foi instalado um comitê de crise, integrado pela Casa Civil da Presidência da República, pelos ministérios das Relações Exteriores, da Defesa, do Turismo, dos Transportes, bem como pela Embratur, ANAC, companhias aéreas e operadoras de turismo para planejar e executar a repatriação dos mais de seis mil brasileiros espalhados por mais de 100 países", informou.

Enquanto aguardam pela definição, os nove atletas tentam estabelecer uma rotina. Cecília tem comandado pela manhã sessões de ioga e meditação. O técnico Antônio Luiz Duarte Cândido cuida das compras e divide as tarefas. "Estamos cozinhando no hotel. Como não temos geladeira, temos de fazer compras quase que diariamente. O nosso treinador tem saído e a cada um aqui fica com uma tarefa", informou Cecília.

O grupo viajou para o Equador no último dia 3 para a disputa de uma seletiva para os Jogos de Tóquio. Eles desembarcaram inicialmente em Cuenca no início do mês para iniciar treinamento específico na altitude de 2,5 mil metros. A intenção era melhorar o preparo físico do time de olho na seletiva que começaria nesta quinta-feira. No dia 13, a competição foi cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus. Um dia depois, o aeroporto nacional foi fechado. 

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A íntegra da mensagem da Embaixada ao grupo de atletas:

Informamos que a Embaixada do Brasil em Quito está trabalhando 24 horas por dia para garantir a repatriação de todos os brasileiros que estão no Equador e manifestaram o desejo de serem evacuados para o território brasileiro.

Todas as medidas burocráticas, legais e preparatórias junto ao Governo do Equador foram tomadas pela Embaixada para que a operação possa ser deslanchada no devido momento.

No Brasil, foi instalado um comitê de crise, integrado pela Casa Civil da Presidência da República, pelos ministérios das Relações Exteriores, da Defesa, do Turismo, dos Transportes, bem como pela Embratur, ANAC, companhias aéreas e operadoras de turismo para planejar e executar a repatriação dos mais de seis mil brasileiros espalhados por mais de 100 países. O cenário é dinâmico e cabe a esse grupo em Brasília definir, de acordo com a disponibilidade de aeronaves e recursos, as prioridades e o cronograma da evacuação dos brasileiros em cada país.

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O Equador foi definido como caso prioritário e a repatriação está sendo planejada para acontecer com brevidade possível, tão logo sejam asseguradas, tanto do lado brasileiro quanto lado equatoriano, as necessidades logísticas a as condições sanitárias para uma operação dessa envergadura.

A evacuação poderá acontecer por meio aeronaves comerciais ou da Força Aérea Brasileira. Estamos em contato várias vezes por dia com Brasília, de modo a viabilizar os voos com a urgência que a situação requer.

Reiteramos o pedido de calma a todos. Nesse momento, a equipe da Embaixada concentrará os esforços em viabilizar o transporte para todos até o aeroporto, a inspeção sanitária pré-partida, as condições legais e logísticas para que o(s) voo(s) do Brasil possa(m) aterrissar em Quito (incluindo reabastecimento da(s) aeronave(s) no aeroporto Mariscal Sucre), além de atender a casos emergenciais que lamentavelmente têm acometido alguns de vocês.

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Nesse sentido, em tempos difíceis, contamos com a compreensão e a serenidade de todos para que possamos repatriá-los o mais brevemente possível.

Pedro Cunha e Menezes Ministro-Conselheiro Embaixada do Brasil em Quito

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