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Enfim, o ouro

Depois de tentativas frustradas, o Brasil derrota os EUA e conquista o título

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Por Redação
Atualização:

O Capital Gymnasium, em Pequim, mais parecia o Ibirapuera, em São Paulo, em noite de decisão e de seleção em quadra. Com o coro de "é campeão", a pequena torcida brasileira dominou a arena do vôlei construída pelos chineses e fez festa nas arquibancadas, enquanto as jogadoras se abraçavam e choravam. A sensação era de alívio - afinal, o Brasil ganhou a decisão e enterrou a fama de time "amarelão, pipoqueiro e fraco" que lhe foi dada após a incrível derrota para a Rússia na semifinal de Atenas-2004 e na final do Pan do Rio contra Cuba. Contra a perigosa seleção norte-americana, ontem, as meninas mostraram força, personalidade e competência para vencer por 3 sets a 1 (25/15, 18/25, 25/13 e 25/21) e finalmente conquistar o primeiro ouro da história do vôlei feminino brasileiro. Após o último ponto, num erro das adversárias, o técnico José Roberto Guimarães e seus auxiliares se juntaram, formaram uma roda e explodiram de alegria. O treinador deu a volta por cima e foi ovacionado pelos torcedores. Com justiça. Era hora de emoção e alívio. E que alívio! A vitória dos Estados Unidos no segundo set, empatando o confronto por 1 a 1, assustou. E não foi pouco. Os brasileiros na platéia e os jornalistas se perguntavam: "Será que de novo a seleção vai falhar numa final?" O time reagiu, fechou o terceiro set, passou apuros no quarto, mas assegurou o inédito ouro, o terceiro do Brasil nesta Olimpíada. "Esperávamos um jogo difícil, como foi, mas entramos preparadas", comentou Mari. "Precisávamos nos levantar psicologicamente (depois da derrota em Atenas) e a melhor receita foi treinar, treinar e treinar." Havia sido, até então, o único set perdido pela equipe em toda a competição olímpica - vencera os 7 jogos anteriores por 3 a 0. Assim que terminou a execução do Hino Nacional, as meninas desabaram - não apenas de choro. Elas se atiraram no chão e se abraçaram como se já estivessem realizadas e não precisassem de mais nada na vida. "Essa geração merecia muito, depois de tantos momentos difíceis, como o Pan", desabafou Walewska, um dos destaques do elenco. "Nós nos dedicamos, abdicamos de muita coisa e trabalhamos demais para chegar até aqui." LUGAR NA HISTÓRIA A comemoração toda é mais do que justificável. Os melhores resultados da seleção feminina haviam sido dois terceiros lugares, em Atlanta-96 e em Sydney-2000. O título não poderia ter ficado em outras mãos. As brasileiras dominaram a competição desde a primeira rodada, quando venceram a frágil Argélia por 3 a 0, até ontem, na finalíssima, diante das americanas. Trajetória impecável e que valeu a inclusão de Fofão e Fabi na seleção ideal dos Jogos de Pequim. A histórica campanha registra oito vitórias em oito jogos, 24 sets vencidos e apenas um perdido. O desempenho da equipe vai ficar marcado para sempre. Não foi um título chorado, sofrido, com sorte, mas cheio de talento e brilho de um grupo simples e, acima de tudo, unido. "Somos os melhores do mundo, agora podemos dizer isso", destacou Zé Roberto, que anunciou ontem a permanência no comando do time feminino até a Olimpíada de Londres, daqui a quatro anos. Com novos desafios.

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