PUBLICIDADE

Publicidade

Equipe brasileira se prepara para o início do boliche no Pan de Guadalajara

País tenta e manter no quadro de medalhas após bom resultado nos Jogos do Rio

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

GUADALAJARA - A equipe brasileira de boliche carrega responsabilidade e bolas pesadas nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Os jogos começam nesta segunda-feira, no Bolerama Tapatío. Há quatro anos, no Pan do Rio, a dupla masculina, formada por Fábio Rezende e Rodrigo Hermes, conquistou a primeira medalha da história da participação do Brasil no evento. Os dois deixaram o esporte, e cabe aos atuais integrantes manter o País no quadro de medalhas.Fábio se retirou assim que atingiu seu objetivo: alcançar o grande resultado que prometera ao irmão, morto num acidente automobilístico. Fernando Rezende foi campeão mundial juvenil e era considerado dono de um futuro brilhante no boliche. Já Rodrigo foi convencido a administrar o negócio da família, uma padaria, já que o boliche não dá futuro a ninguém no Brasil.Nos Estados Unidos dá. Existe um circuito profissional, e pela primeira vez os jogadores que a disputam poderão participar do Pan. A grande estrela é a norte-americana Kelly Kully, a única mulher a derrotar os homens num grande evento, o Tournament of the Champions, campeonato que reúne apenas os vencedores de etapas do circuito.Sentindo o tamanho da responsabilidade, o veterano carioca Márcio Vieira, de 58 anos, que já participou de dois Pans como treinador, resolveu voltar à pista. Disputou a seletiva e ganhou vaga para tomar parte de seu quinto Pan. "Achei que a nova geração ainda não estava preparada, por isso estou aqui."A idade já está pesando, e obriga Márcio a caprichar na pontaria. "O jogo está muito mais físico. É como se eu fosse o Ivan Lendl e tivesse que enfrentar o Rafael Nadal. Os jogadores hoje fazem as bolas darem muito mais rotações. Como é necessário ter muita força para isso, eu dependo da mira."O paulista Marcelo Antônio Suartz já é um exemplo da nova geração do boliche: faz musculação, preparação mental e exercícios respiratórios no melhor centro de treinamento do mundo, em Orlando, nos Estados Unidos, onde estuda marketing. Não à toa, conquistou o título do All American Championship, principal torneio universitário dos Estados Unidos.Com essa rotina de atleta profissional, ele se sente incomodado com o preconceito voltado contra o boliche, que costuma ser visto mais como recreação do que como esporte. Até os desenhos animados contribuem para essa fama. Homer Simpson e Fred Flinstone, por exemplo, o praticam. "Querendo ou não, tem muito gordinho no boliche ainda. Mas está cada vez mais difícil para eles. Uma partida pode durar até seis horas. Quem não tiver preparo físico não vai vencer."Diante de todas as exigências que a evolução da modalidade apresenta, os brasileiros precisam fazer muito sacrifícios para competir. Os atletas das modalidades não olímpicas ficam no final da fila para receber o Bolsa-Atleta. Os praticantes dos esportes olímpicos são contemplados primeiro. A paranaense Marizete Scheer perdeu o emprego em abril e só começou a receber a bolsa em setembro. O boliche onde trabalhava, em Belo Horizonte, fechou. Como tinha de pagar R$ 58 por hora para treinar, preferia viajar ao Rio, onde Márcio Vieira é dono de três boliches, para treinar de graça. "Cheguei ao ponto de desistir. Passei por muita coisa. Por isso, só de estar aqui já me considero uma vitoriosa."Geraldo César Maciel, que está em Guadalajara como árbitro, pede mais justiça na distribuição das bolsas. "Somos gratos por sermos contemplados pelo Bolsa-Atleta, mas contra a discriminação. Não é justo virmos depois dos atletas olímpicos. O esporte é direito de todos, está na Constituição."

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.