Equipes ameaçam não correr treino livre

Times exigem dinheiro de acordo

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Por Livio Oricchio
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No começo foram apenas Flavio Briatore, da Renault, e Ron Dennis, da McLaren. Ambos ameaçaram não enviar seus carros para o GP da Austrália se não recebessem de Bernie Ecclestone, promotor do Mundial de Fórmula 1, o dinheiro combinado para estender o Acordo da Concórdia. Ontem os mecânicos de Renault e McLaren trabalharam normalmente no circuito Albert Park, em Melbourne, mas como as equipes nunca estiveram tão unidas, há uma mobilização de apoio a Briatore e Dennis. Resultado: existe a possibilidade real de as dez equipes boicotarem os treinos livres de hoje. TV Estadão: análise para a estreia e volta virtual; visite o canal de F-1 A luta de poder entre Ecclestone, apoiado pelo presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Max Mosley, contra a associação das equipes, Fota, pode gerar desdobramentos sérios para a competição. A etapa de abertura do campeonato começou tumultuadíssima. Em 2006, Bernie Ecclestone procurou os representantes dos times para negociar a extensão do Acordo da Concórdia. Esse acordo estabelece, dentre outras coisas, quanto cada time recebe da Formula One Management (FOM), controlada pelo dirigente, proveniente do que arrecada, principalmente, da venda dos direitos de TV, cujo valor é, imagina-se, de US$ 700 milhões por ano. O Acordo da Concordia acabaria no fim de 2007. Para estendê-lo por mais cinco anos, de 2008 a 2012, os times exigiram bem mais do que lhes era destinado por Ecclestone. A Ferrari foi a primeira a negociar com o inglês e ganhou como uma espécie de luva US$ 100 milhões para renovar o acordo. "Nós assinamos um pré-acordo. O verdadeiro Concordia Agreement ainda ninguém assinou", explicou, ontem, Luca Colajanni, da Ferrari, numa clara manifestação de solidariedade a Briatore e Dennis, assim como os demais. A briga dos dois é para receber o que ficou combinado com Ecclestone para também assinarem ao menos o pré-acordo descrito por Colajanni, a chamada luva. O diretor da FOM diz que só paga, agora, depois de eles assinarem, de verdade, o Acordo da Concórdia e não ficar apenas na palavra, como fizeram todos os demais. Ecclestone negociou time a time os novos valores. O que também está se tornando um impedimento para a assinatura é que as escuderias já pedem uma nova revisão dos montantes a elas destinados em função da participação no Campeonato Mundial. O que estabelece quanto cada uma leva para casa é a classificação no campeonato de construtores. "Nenhuma chance de passarem a receber mais do que acertamos", já adiantou Bernie Ecclestone. O campeão, por exemplo, estima-se que obtém US$ 100 milhões da FOM. Para os 20 carros deixarem os boxes para os primeiros treinos livres (22h30 de hoje, horário de Brasília), alguém terá de ceder de alguma forma. Briatore, Dennis, toda sua associação (Fota) ou Ecclestone. Caso contrário as consequências são imprevisíveis já na Austrália. NÚMEROS 700 milhões de dólares é a estimativa de quanto o promotor da F-1, Bernie Ecclestone, arrecada em direitos de transmissão de tevê 100 milhões de dólares recebeu a Ferrari como luvas pelo Acordo de Concórdia

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