PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Esporte em quarentena. E sem alegria

O mundo fecha as portas. O esporte para e o torcedor perde sua alegria. Game over. Isso muda tudo

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Ganhar ou perder sempre foi do jogo. O que nunca foi, pelo menos não nos tempos recentes, é tirar do torcedor a alegria de se divertir no esporte. Mas o momento é de cautela e de compreensão. É preciso parar e se organizar melhor. O mundo esportivo está de quarentena por causa do novo coronavírus. Há muita preocupação. No Hemisfério Norte, o mais atingido, tudo parou. O que não parou tende a parar nos próximos dias.

A doença vem descendo de forma rápida e assustadora para o Hemisfério Sul, onde estão os países mais pobres e com menos condições de conter o surto de forma digna. Nessa esteira, a maior diversão dos cidadãos, em sua maioria, fecha as portas. O esporte de forma geral e o futebol particularmente estão contaminados. Há muitas dúvidas. As partidas precisam ser interrompidas. Não há como não temer 40, 50, 60 mil pessoas confinadas em um só lugar, um estádio, onde cada gol significa um abraço no colega do lado. Exagero? Talvez.

Robson Morelli é editor de Esportes e colunista doEstadão Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

Partimos do pressuposto de que quem está com os sintomas fica quietinho em casa. Pode não ser assim. O vírus não dá pistas nos primeiros cinco dias. As notícias vindas do Norte são preocupantes. Fronteiras foram fechadas, voos reduzidos, partidas adiadas. Não dá para o Brasil pagar para ver.

Os Jogos Olímpicos, maior evento esportivo do ano, tem a estimativa de receber em Tóquio 13 mil competidores, 270 só do Brasil, e 600 mil turistas estrangeiros. Ocorre que a comunidade esportiva internacional começa a pressionar o COI para o adiamento da competição. A prudência clama por isso. Não há como se divertir diante de uma pandemia. A tocha olímpica foi acesa na Grécia sem público nem graça.

O mundo fecha as portas. O esporte para e o torcedor perde sua alegria. Game over. Isso muda tudo. Não tem Eliminatórias da Copa. Não tem Libertadores, nem torneios na Europa. Não tem seletivas olímpicas. Não tem tênis. Não tem NBA. Não tem F-1.

Publicidade

No Brasil a bola ainda rola. As pessoas se reúnem nos estádios aparentemente sem preocupação. A CBF mantém contato com o Ministério da Saúde para saber que decisão tomar. Parar ou não parar? São Paulo e Rio fecharam os portões do futebol. Outros Estados farão o mesmo.

Sem esporte, a vida muda. O povo fica sem seu ópio. Também faz com que hábitos sejam alterados. Uma nova tábua de costumes começa a ser escrita. São novos mandamentos. Há impacto na vida das pessoas. Não dá mais para reunir multidões num mesmo lugar, mesmo aberto. Ter arenas sem público foi o primeiro passo. Não é suficiente. Nem combina. Esporte pressupõe torcida. Atletas começam a se recusar a pegar avião, se deslocar, encontrar oponentes e cumprimentar rival.

As emissoras que transmitem esportes, jogos e disputas, começam a se reorganizar no sentido de reduzir equipes para esses trabalhos. Na Europa, não há mais transmissão.

Aqui no Brasil, o torcedor mais bem informado certamente vai optar por ver os jogos do sofá da sala de sua casa, da tela do seu computador ou pelo streaming do seu celular. Vai torcer sozinho, na solidão da companhia de seus apetrechos eletrônicos. Quando muito, um alô na varanda para que outros possam festejar com ele a distância. Ao seu lado, com sorte, apenas a mulher e os filhos que também gostam de futebol e param para ver as partidas.

A boa notícia é que não será assim para sempre. Quando a pandemia voltar à condição de epidemia e assim sucessivamente numa marcha à ré contínua até o seu desaparecimento, voltaremos a sair de casa, a acompanhar esporte e a ter alegria.

Publicidade

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.