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''Eterno'', cartola é adepto do ''populismo esportivo''

Por Ariel Palacios
Atualização:

BUENOS AIRES Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA) é o principal aliado do governo da presidente Cristina Kirchner em sua política de conseguir dividendos eleitorais por intermédio do esporte favorito dos argentinos. Grondona foi a peça crucial para que o governo Kirchner implementasse a estatização das transmissões dos jogos, denominada de "Futebol para todos".Em 2009, o dirigente convenceu os falidos clubes argentinos a aceitarem um suculento contrato de US$ 150 milhões anuais até 2019 oferecido pelo governo para ficar com todos os direitos de transmissão do futebol do país. Peça inestimável para a presidente Cristina, Grondona controla a AFA com mão de ferro há 32 anos, desde que foi designado pela ditadura militar (1976-83). Grondona sobreviveu ao longo de mais de três décadas com apenas uma Copa do Mundo conquistada (México 1986), oito greves de jogadores, três paralisações de árbitros, mais de 40 casos de doping dos jogadores da seleção, além de acusações de corrupção e de vínculos controvertidos com o poder e empresários amigos que possuem negócios comerciais com a AFA. Grondona costuma relativizar os contratempos pronunciando sua frase preferida: "Tudo passa". "Tudo passa, menos Grondona", rebatem seus inimigos, já que desde 1979 a AFA teve um único presidente. Mas a República Argentina está no décimo-terceiro presidente desde aquela época (quatro ditadores e nove civis). Nesse intervalo, a seleção teve oito técnicos.Os críticos de Grondona afirmam que ele montou uma estrutura que permitiu a consolidação de "uma AFA rica e clubes pobres". O poder de Grondona - que preside a Comissão de Finanças da FIFA - não é apenas nacional, pois possui grande influência internacional. O analista esportivo Ezequiel Fernández Moores, autor de livros sobre negociatas no futebol argentino, disse ao Estado que Grondona "foi elemento crucial na reeleição de Joseph Blatter, presidente da FIFA, em 2002".

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