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Evoluindo

Por MARCOS CAETANO
Atualização:

Eu já estava todo animado, preparando as anotações para a coluna semanal no final do primeiro tempo de Brasil x Itália, quando veio - é inevitável, tinha que vir - o segundo tempo. Que tinha que vir, ninguém discute. Mas precisava ter vindo daquela maneira? Que apagão foi aquele, Deus do céu? Dois gols em 11 minutos, fora o baile na segunda metade de um jogo que parecia absolutamente sob controle são eventos que não estavam nos meus planos, e muito menos nas minhas anotações. Assim, não teremos mais aquele texto sorridente com o qual eu pretendia celebrar a volta das nossas vitórias sobre seleções de ponta, algo que não ocorre há excruciantes três anos. Mas, sejamos justos, o confronto da última quinta-feira tampouco foi uma tragédia. Em primeiro lugar, pelo fator mais importante para quem gosta de futebol: o jogo foi bom. Bem disputado, com muitas oportunidades, quatro gols e um placar moral, sejamos francos, que poderia ter sido 5 a 3 para a Itália. Além de ter disputado uma boa partida, o Brasil pôde celebrar algumas evoluções, a maior parte no setor dianteiro. Se Felipão ainda não pode comemorar uma defesa arrumadinha, como ele tanto aprecia, ao menos pode dizer que tem em mãos a dupla de ataque para a Copa das Confederações: Fred e Neymar. O camisa 9 do Fluminense ainda sofrerá concorrência de Alexandre Pato, do Corinthians. Tudo vai depender do que as duas equipes apresentarem na Libertadores. Se Fred parece uma certeza, Hulk perde cada vez mais espaço. Como promete o apelido, o cara é forte e chuta idem de fora da área - mas esse é um repertório bem limitado para quem quer ser titular com a amarelinha. Neymar continua sem desequilibrar, mas mostrou qualidade ao menos no primeiro tempo, quando se movimentou muito e entregou de bandeja o segundo gol para Oscar. Oscar que continua ganhando espaço, aquele espaço que parecia reservado para Ganso, cada dia mais distante do prazer de jogar futebol. Já que estou falando do meio-campo, não gosto do time com muitos volantes. Porém, é um dado: quando Felipão foi anunciado como novo treinador da seleção, ninguém teve dúvidas de que isso iria acontecer. Agora resta-nos torcer para que ele escolha volantes que tenham recursos na saída de jogo, algo fundamental para um time que pretende ser veloz e envolvente. Também preciso confessar que, como eterno otimista que sou, gostaria de ver Oscar e Kaká jogando juntos, algo que parece impublicável na cartilha do nosso pragmático comandante. Nas laterais, até aprovo que sejam feitos alguns testes, mas é muito claro que deveríamos jogar com Dani Alves e Marcelo. A zaga se atrapalhou, sobretudo na etapa final. Podemos creditar parte desse insucesso à ausência de Thiago Silva, ainda se recuperando de contusão, e que deve ser titular contra a Rússia. Apesar de tudo isso, o time está, como diz o título da coluna, evoluindo. Do que gostei menos? Felipão vai ficar brabo, mas a resposta é óbvia: das substituições. Sacar Fred, Hulk, Oscar e Hernanes para as entradas de Diego Costa, Jean, Kaká e Luiz Gustavo foi quase imperdoável. Mas o gauchão tem crédito - e vamos ver se na segunda-feira a evolução continua.

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