Fé move Gabriel Medina em busca de título mundial no surfe

Surfista de Maresias briga em Pipeline, no Havaí, pelo inédito título do Circuito Mundial para o Brasil; Fanning e Slater estão na sua cola

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Por Paulo Favero
Atualização:

 Pouco antes de entrar na água nesta segunda-feira, 8, quando está previsto o início do Billabong Pipe Masters, última etapa da temporada do Circuito Mundial de Surfe, Gabriel Medina vai fazer o mesmo ritual de sempre. Primeiro ficará ouvindo música, concentrado, pensando em como será a sua bateria, a sexta do dia caso haja boas condições, contra o espanhol Aritz Aranburu e um surfista local. Depois, vai correr com sua prancha no meio do público e parar diante do mar, em sinal de respeito. É nesse momento que ele faz uma oração antes de entrar para a disputa. O garoto tem muita fé e frequenta uma igreja evangélica, principalmente por influência da mãe Simone. Claro que durante as etapas, quando está longe de casa, ele não vai a um lugar físico, mas mantém contato com a religião ao conversar com a mãe e trocar mensagens com ela. O próprio Gabriel vê nisso um conforto para a tensão das provas de surfe. “Eu oro, faço isso em todas as minhas competições antes de entrar no mar desde criança. Peço para Deus me ajudar e dar proteção. Esse é meu ritual. Às vezes escuto música, gosto disso, mas nunca deixo de orar”, conta o garoto, que tem a chance de se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial na modalidade.

Aritz Aranburu cumprimenta Gabriel Medina Foto: Márcio Fernandes/Estadão

Para a mãe Simone, a postura do primogênito é motivo de grande orgulho. “A gente frequenta uma igreja, somos evangélicos, e ele e os irmãos foram criados nisso desde pequenos. Eu, como mãe, só conheço um meio de proteger meus filhos, que são os princípios de Deus. Achei dentro disso um manual para viver bem longe das coisas ruins. O Charles não vai com a gente, mas é um homem que também tem princípios de Deus”, diz, sobre seu companheiro que ajudou na criação e no treinamento do filho. Ela entende que existe muita adrenalina envolvida no esporte e acha que esse conforto espiritual pode ajudar o garoto nos momentos decisivos. “O Gabriel vive muito isso, a gente vive conversando, eu mando para ele a Palavra, a gente consegue ficar sensível às coisas de Deus, a fé dele aumenta ainda mais”, explica. Enquanto Simone cuida do filho nessas questões, Charles ajuda nos treinamentos e na preparação para as disputas. Por ter sido triatleta, ele conseguiu dar ao surfista uma mentalidade esportiva e incentivou o treinamento funcional feito antes do embarque para o Havaí. Para Simone, o trabalho está sendo bem feito. “Eu sou o espiritual do Gabriel, o Charles é o técnico. As duas coisas juntas deram muito certo, porque ele tem ambas: o lado competitivo e o lado que foi moldado nesse caráter, nos princípios de Deus”, lembra. Se a fé move Medina em busca do troféu, do outro lado seus dois concorrentes ao título também demonstram otimismo, até porque Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial, e Mick Fanning, três vezes, já passaram por essa situação inúmeras vezes e provaram conhecer o caminho das vitórias. Para eles, o brasileiro é um garoto obstinado. “Ele tem uma vontade de vencer muito grande”, afirma Slater. Em linhas gerais, para o brasileiro ser campeão do mundo, ele precisa ir bem no Havaí ou no mesmo nível de seu principal rival, o australiano Mick Fanning. A cada bateria que for avançando, sua chance de título aumenta consideravelmente. Já para Kelly Slater, somente uma vitória em Pipeline interessa, desde que Medina não chegue à quarta fase (9.º lugar). “Sou o único que depende do próprio resultado, então vou pensar em mim”, conclui Medina.resultado, então vou pensar em mim”, conclui Medina.

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