Federação de Automobilismo questiona administração de Interlagos

Entidade reclama que eventos não relacionados ao automobilismo são prioridade no circuito paulista

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Por Alessandro Lucchetti
Atualização:

SÃO PAULO - A comunidade do automobilismo paulista está em pé de guerra com a SP Turis, empresa de turismo e eventos que tem como sócia majoritária a Prefeitura de São Paulo. A SP Turis é responsável pela administração do Parque do Anhembi e do Autódromo de Interlagos. O motivo da indignação é a cessão de datas para eventos que nada têm a ver com o automobilismo, como os shows do festival musical Lollapalooza e testes de montadoras."A utilização de Interlagos virou um comércio. Eu tenho um campeonato com dez etapas, mas só me cederam cinco datas até junho, porque estão alegando que vai haver uma reforma. No entanto, o autódromo vai ser alugado por dois fins de semana para eventos comerciais de uma montadora e vai ter o festival de rock. Dessa forma, como um piloto vai chegar numa empresa e pedir patrocínio? Como conseguirá convencer o empresário se nem sabe em quantas etapas a marca dele vai aparecer?", pergunta José Aloísio Cardozo Bastos, presidente em exercício da Federação de Automobilismo de São Paulo.Em comunicado emitido pela Gerência de Comunicação da Sp Turis, a empresa considera que eventos promovidos por montadoras e empresas relacionadas à produção de automóveis "estão ligados à prática do automobilismo", o que é questionável. "Automobilismo", segundo o dicionário Aurélio, é o "esporte que se pratica com automóveis". Assim, testes de montadoras não estão relacionados ao automobilismo. "No ano passado, o Autódromo obteve altíssima taxa de ocupação, com índices de 100% de ocupação aos fins de semana e 85% durante a semana, mantendo a qualidade dos espaços. Desta utilização, 55% foram de provas de automobilismo, 25% de motociclismo e 16,7% de eventos promovidos por montadoras e empresas relacionadas ao meio. Portanto, de todos os eventos ocorridos nos últimos anos, apenas aproximadamente 3,3% não estavam ligados à prática do automobilismo", diz o comunicado.O aluguel do autódromo por três dias, para uma etapa do Campeonato Estadual de carros ou motos, custa R$ 13.410. Para um dia de um evento não esportivo, a Sp Turis cobra R$ 305.435. Bastos suspeita que, por ser mais lucrativa, a cessão de espaço para eventos não esportivos está sendo privilegiada.Segundo o dirigente, o esvaziamento do Campeonato Paulista se reflete no nível de atividade das cerca de 80 oficinas incumbidas da preparação dos 150 carros que o certame movimenta."Por enquanto ainda não tivemos que demitir nenhum funcionário, mas a situação é preocupante. Temos despesas fixas com funcionários e aluguel, e uma queda na demanda sempre nos afeta", diz Juan Arias, proprietário da Arias Motorsport, oficina que vive exclusivamente da preparação de carros para competição.A SP Turis destaca que, assim que a SPObras (empresa da Prefeitura de São Paulo vinclulada à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) estabelecer o cronograma das obras do autódromo, a administração poderá abrir a agenda para o segundo semestre. "Não é correto dizer que a administração do autódromo reduziu o número de datas da Fasp, uma vez que somente o calendário do primeiro semestre foi aberto e a comparação é com um ano inteiro", argumenta a empresa.

 

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