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Fervendo a cabeça

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Por Reginaldo Leme
Atualização:

Supondo-se que nada de anormal aconteça, lá vamos nós para mais uma batalha entre Williams e Ferrari por um pódio na Malásia. A gente sempre espera uma disputa entre Hamilton e Rosberg, como se viu algumas vezes no campeonato passado, mas neste início de ano as coisas estão parecendo mais difíceis para o alemão, que vem tomando um banho do inglês. Ao final do primeiro dia de treinos, ontem, a diferença entre eles ficou acima dos quatro décimos de segundo. Hamilton pode até ter novos problemas, como aconteceu na primeira sessão de ontem, mas, por enquanto, essa facilidade em dominar os treinos vem comprovando que na pista de Sepang o casamento dele com a Mercedes é perfeito. No ano passado ele venceu a corrida com 17,3 segundos de vantagem para Rosberg, a segunda maior diferença entre eles. Na China, foi um pouco maior: 18 segundos a favor do inglês. O GP da Malásia costuma ser o mais quente de todo o campeonato, por isso a Pirelli escolhe os dois tipos de composição mais resistentes - o branco (médio) e o laranja (duro). Mas a temperatura máxima da pista ontem ficou nos 56 graus centígrados, ainda abaixo dos 57 da corrida de Interlagos do ano passado. Nessa condição, mais o alto índice de umidade, os pneus sofrem muito. Mesmo os dois tipos mais resistentes têm apresentado uma degradação grande - embora já prevista pelas equipes e os próprios técnicos da fábrica de pneus. Portanto, o mais provável é que, numa corrida de três paradas, estratégia vencedora no ano passado, os pilotos usem mais o pneu duro do que o médio. A diferença de performance, que é menor do que em outras pistas (abaixo de um segundo), deve ser compensada pela durabilidade. Além da elevada temperatura de pista que, segundo Rosberg, "dá para sentir nos pés", este é ainda um dos circuitos mais longos do campeonato (depois de Spa, Silverstone, Suzuka, Monza e Abu Dabi). A corrida dura quase uma hora e quarenta minutos e, além de crítico para os sistemas de refrigeração, motor e freios, é também um duro teste para as condições físicas dos pilotos. Até a respiração fica difícil depois da metade da corrida, e alguns chegam a ter uma sensação de claustrofobia. Antes da largada os pilotos costumam beber até dois litros de um preparado com os sais minerais necessários para evitar desidratação. Chuva na Malásia é apenas uma questão de quando ela vai vir. Que vai chover à tarde, não existe dúvida. Por sorte os dois treinos de ontem foram feitos antes da chuva, que é esperada para o treino oficial de hoje (6 da manhã no horário brasileiro). É por isso que o horário de largada do GP foi antecipado em duas horas. Começa às 4 horas no horário brasileiro.Quanto à temperatura, imagina-se que ela será a mais alta de todo o campeonato. Como os pneus de 2015 tornam os carros mais velozes (na Austrália os tempos caíram em média dois segundos), as cargas que eles sofrem também são maiores, especialmente em uma pista extremamente abrasiva como a de Sepang. Além disso, as chuvas constantes limpam as camadas de borracha que os carros deixam na pista, o que traz mais um prejuízo para a aderência e, consequentemente, degradação dos pneus. Vários carros apresentaram um desgaste grande nos pneus traseiros, mas o diretor da Pirelli, Paul Hembery, insiste que a grande preocupação deve ser com o pneu dianteiro esquerdo, especialmente enquanto os carros estiverem mais pesados. São esperadas três paradas de box, mas uma eventual intervenção do safety car pode mudar a estratégia, como ocorreu na abertura do campeonato na Austrália.Finalmente nós vamos ver Fernando Alonso estreando nessa sua volta à McLaren. O espanhol estava sem pilotar havia 40 dias, desde o acidente nos testes de Barcelona. Ele ainda não se considera em plena forma física, mas diz que sentiu uma sensível melhora da McLaren em relação à pré-temporada. Alonso fez o 16.º tempo, à frente do companheiro Button. Ambos, obviamente, muito longe (2,7 segundos) da melhor marca de ontem. Mas foram 40 voltas do espanhol e 39 de Button sem problemas no carro.

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