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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Festa no Pacaembu

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Por Antero Greco
Atualização:

Viaduto do Chá, Mercadão da Cantareira, Prédio do Banespa, Museu do Ipiranga, Pátio do Colégio. Catedral da Sé, Theatro Municipal, Parque do Ibirapuera, Aeroporto de Congonhas. A São Francisco (faculdade de Direito), Butantã, Estação da Luz, edifícios como Martinelli, Copan, Itália. A Pinacoteca, o Masp, a USP. Muitos são os símbolos de São Paulo, e a lista certamente está incompleta. Se quiser, coloque os cemitérios do Araçá e da Consolação. O mosteiro de São Bento.

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Nessa relação tem lugar cativo o Pacaembu, marco do futebol na cidade e cenário de momentos insuperáveis do esporte. Claro, o Morumbi comportou inúmeras decisões, e jamais ficará em segundo plano. A Javari, o Canindé, o Nicolau Alayon – o trio compõe conjunto delicado. O antigo Palestra Itália deixou saudades, mas foi substituído por um imponente Allianz Parque. O Itaquerão – à espera de nome oficial – é moderno e maravilhoso. Vida longa e bom uso para todos.

Mas o “Paulo Machado de Carvalho” está no coração do brasileiro em geral, e do paulistano em particular. Qualquer um que se amarre no joguinho de bola tem, no mínimo, uma história, um episódio inesquecível vivido no “próprio da Municipalidade”, como gostavam de ressaltar os locutores de outrora. Façam-se pesquisas de popularidade, e aparecerá o velho campo como o mais simpático, aconchegante, de fácil acesso. Reina sobre cores clubísticas.

Por anos, a partir da década de 1980, foi considerado a casa do Corinthians. Licença poética, porque é abrigo de todos. Mas ficou a concessão, pois o Timão era o único a ver-se privado de moradia própria. Epa, epa, olha a traição da memória! Os corintianos têm a Fazendinha; sim, amigo, o estádio Alfredo Schurig. Pode estar esquecido, relegado a apêndice da sede social, na zona leste da capital. Porém, é o mais bucólico de todos os palcos boleiros.

Não falta lastro para as diversas praças esportivas da metrópole. No entanto, no Pacaembu o quarteto de grandes paulistas conquistou título estadual. O São Caetano, em 2004, deu a volta olímpica no Paulistão e antes, em 2002, por pouco não levantou a Libertadores. A propósito do torneio sul-americano: a festa do tri do Santos (2011) e a primeira do Corinthians (2012) foi lá. Fora as decisões de Brasileiro e jogos do Mundial de 1950.

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O que tem a ver o Pacaembu com a crônica desta segunda-feira, se o aniversário dele (76 anos intensos) se celebra apenas em 27 de abril? Tudo. Como hoje São Paulo completa 462, justo homenagear um dos pontos de referência de quem vive aqui ou está apenas de passagem. E, como virou tradição na data, lá ocorre a decisão do torneio de futebol júnior, competição de garotos que faz parte do calendário dos festejos e que está perto do meio século.

Reverência que fica completa, e com linda cara de povo, por reunir Corinthians e Flamengo na final da Copinha. Garantia de lotação, barulho, algazarra – e bom futebol, ora bolas. As duas equipes vêm de escolas generosas na revelação de craques. Hoje é dia de herói jovem no Pacaembu.

Por falar em algazarra: o poder de mobilização – e influência – de moradores do bairro conseguiu bloquear o estádio para shows. Atualmente, Paul McCartney, Rolling Stones, Iron Maiden, Pearl Jam não poderiam se exibir no Pacaembu; os decibéis das guitarras incomodam. Para muitos irrita simples grito de gol.

O Pacaembu é templo de alegria, não mausoléu de tristeza. Não é obra arquitetônica supérflua, muito menos elefante branco. Não é nem “arena”, mas um magnífico campo de futebol. Não é mico. Pode ser útil e agradável para a cidade, apesar de narizes torcidos, e tomara saia do papel projeto de revitalização. Entra prefeito, sai prefeito e sobram promessas de dar novo impulso à área. Garante-se que até março haverá novidade...

O Pacaembu é paulistano, bandeirante, não se dobra, não se rende. Assim como a cidade, resiste a predadores, renasce, rejuvenesce. E hoje verá mais uma festa de campeão. Viva o Pacaembu. Viva São Paulo!

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Estádio é símbolo da cidade, resiste ao tempo e hoje ouvirá de novo o grito de campeão

ANTERO GRECO