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Fidel apóia agressor

Ex-presidente cubano pediu ?total solidariedade? a lutador de tae kwon do que chutou árbitro

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Por Paula Pereira
Atualização:

Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, apoiou ontem a atitude do lutador de tae kwon do Angel Valodia Matos, que agrediu árbitros na disputa pelo bronze da modalidade, na madrugada de sábado. Campeão em Sidney, Matos chutou o juiz na cabeça e ainda bateu em outro árbitro por discordar da decisão que lhe tirou o terceiro lugar na competição. Foi banido do esporte. Fidel defendeu o lutador, de 31 anos, e ainda culpou a "máfia" e a arbitragem pelo baixo número de medalhas conquistadas por Cuba nos Jogos de Pequim. O país, que sempre esteve entre os dez melhores em Olimpíadas, ficou apenas em 28º lugar, com 24 medalhas - só duas delas de ouro. "Angel ficou surpreso com uma decisão que lhe pareceu totalmente injusta, protestou e deu um chute no árbitro. Ele não conseguiu se conter", justificou o líder cubano, de 82 anos, em um artigo. "Não sou obrigado a ficar quieto sobre a máfia, que se organizou para burlar as regras do Comitê Olímpico (Internacional)." A delegação cubana reconheceu a injustiça com relação a Matos, mas desaprovou a indisciplina do lutador. Ele agrediu o árbitro sueco Chakir Chelbat após ser desclassificado na briga pelo bronze na categoria acima de 80 quilos contra o cazaque Armam Chilmanov, declarado vencedor. Matos ganhava a luta por 3 a 2 quando foi atingido pelo opositor e pediu um intervalo. O cubano excedeu o tempo regulamentar de um minuto e foi desclassificado. O árbitro poderia tê-lo alertado de que o tempo estava se esgotando, mas não o fez. Antes de ser retirado do local da competição, Matos ainda cuspiu no tatame. A Federação Internacional de Tae Kwon Do examinou imediatamente o caso e decidiu banir do esporte tanto ele como seu treinador, Leodis Gonzalez. Os registros da participação do atleta nos Jogos de Pequim serão apagados. Fidel, de sua parte, pediu em seu artigo "total solidariedade" ao lutador e a seu técnico. ?ROUBO? O ex-presidente ainda disparou críticas contra a arbitragem no boxe, esporte no qual Cuba não conquistou nenhuma medalha de ouro, apesar da forte tradição do país na modalidade. "Foi criminoso o que fizeram com os jovens de nossa equipe de boxe, para complementar o trabalho dos que se dedicam a roubar atletas do Terceiro Mundo. (...) Há esportes em que a arbitragem está muito corrompida. Nossos atletas lutam contra o adversário e o árbitro." O pugilismo em Cuba sofreu perdas nos últimos dois anos por deserções. Por isso, levou uma equipe incompleta a Pequim, de 10 pugilistas, em vez de 11. O líder cubano, afastado do poder em 2006 por problemas de saúde, não poupou de suas críticas nem mesmo os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. "Não nos deixemos bajular pelos sorrisos de Londres. Ali haverá chauvinismo europeu, corrupção na arbitragem, compra de músculos e cérebros e uma forte dose de racismo." Fidel apelou para as estatísticas para analisar o fraco desempenho em Pequim. "Os cubanos representam cerca de 0,07% da população mundial. Não podemos ser fortes em todos os esportes, como os Estados Unidos, que têm uma população 30 vezes maior."

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